Entre as dificuldades que as companhias financeiras enxergam para o open banking (open finance ou sistema financeiro aberto) estão: a gestão dos dados, o gerenciamento da identidade dos consumidores, além da educação e do esclarecimento sobre a importância do tema para os clientes. Executivos de Itaú, CIP, Hub Finance e AbFintechs explicaram ao Mobile Time as barreiras e os caminhos que as instituições financeiras deverão seguir no Brasil.

Para Marcos Cavagnoli, diretor de digital cash e open banking do Itaú Unibanco, o alinhamento de dados “será um ponto crítico” no open banking, uma vez que para cada dado recebido pelo banco a instituição precisará filtrar, qualificar, posicionar se está correto ou não para, aí sim, usar. Não à toa, o Itaú possui aproximadamente 500 pessoas diretamente envolvidas no tema de áreas como tecnologia, produtos, canais, jurídico e marketing. Indiretamente são milhares de envolvidos.

Além disso, o diretor do Itaú cita desafios de adequações e equalizações técnicas entre todos os participantes: “O open finance no Brasil é o mais amplo do mundo. É um projeto pesado, que precisa de muito desenvolvimento, de muitas discussões. Coloca pressão de trabalho gigantesca. Tem muito desafio que é natural, como equalização de especificações técnicas, grandes participantes. Depois tem a dificuldade tecnológica de implementar cada um”.

Para Felipe Domenico Negri, PO de open banking da CIP, a gestão da identidade do cliente “é uma das dores” das empresas. O especialista explica que, como não existe um processo padronizado, há algumas brechas. “A realidade é que um modelo aberto não pode ser mantido no open banking para coletar senha e login de cada produto”, afirmou. Outro “cenário complexo” explicitado por Negri é o preparo das instituições para receber APIs.

Fintechs

Rogério Melfi, coordenador do grupo de trabalho da ABFintechs, explica que a dificuldade das fintechs é diferente daquela dos grandes bancos. O executivo disse que as fintechs são mais avançadas que os incumbentes em segurança e processamento de dados (em nuvem). Mas os desafios dessas startups estão em mostrar para o cliente os benefícios do open banking por meio de marketing e divulgação.

Melfi diz ainda que, paralelamente, outro trabalho com o consumidor é em relação à segurança. Afirmou que é preciso preparar o usuário para não cair na mesma fraude repaginada, assim como ocorreu com o Pix. Em especial, evitar que os consumidores acessem canais fora do ambiente dos bancos.

Para Fabio Murakami, diretor de produto da Hub Finance, a maior dificuldade é o relacionamento com o consumidor: “Tecnologia não é dificuldade. Existem fornecedores de peso na primeira milha, de conectividade. A parte de identificação do usuário é onde está o desafio”, afirma o executivo.

“Tem que ter um equilíbrio entre custo de aquisição e inteligência completa. A nossa operação evoluiu com isso. Mas a validação do consumidor final pode ser uma barreira para novos players. O ponto é o custo da validação”, completa o diretor da fintech especializada em Banking as a Service (BaaS).

Estrutura

Leonardo Demola Ribeiro, superintendente de negócios da CIP, explica que “a regra do jogo” será a estrutura de cada instituição bancária no sistema financeiro aberto. O especialista divide o mercado em dois tipos de players: aqueles que entram por obrigação (incumbentes) e aqueles que veem o open banking como uma oportunidade (pequenos).

“Como no Reino Unido, um dos principais exemplos de open banking hoje, as grandes corporações olham pela regulação e as menores enxergam oportunidades”, afirmou Demola Ribeiro. “Quando você observa bancos internacionais ou globais, eles têm expectativa baixa de volumetria. Mas alertamos sobre os agregadores financeiros ou de pagamento. Essa expectativa é muito grande, esperamos 3 bilhões de chamadas no primeiro ano. Quem tem olhado o open banking com velocidade tem se preparado melhor”, completou.

Em um exemplo mais direto, o executivo da CIP diz que quem tiver mais dados e trabalha com clientes nas gamas socioeconômicas C, D e E poderá ofertar soluções mais agressivas – desde que trabalhe no open banking com estrutura, processos de data mining e tomada de decisão baseada em dados.

Live do Mobile Time

Os desafios na implementação segura e eficiente do open banking será tema da próxima Mobile Time Live, marcada para o dia 15 de junho, entre 10h e 11h30, com representantes de Banco do Brasil, Fortinet, HypeFlame, Microsoft e RecargaPay.

Estão confirmados para o painel: Diego Oliveira, engenheiro de arquitetura de sistemas da Fortinet; Gilmar Hansen, vice-presidente de produtos do RecargaPay; João Paulo Araújo, estrategista-executivo de tecnologia para a indústria de serviços financeiros da Microsoft; Karen Machado, gerente executiva de open banking do Banco do Brasil; e Renato Hormazabal, arquiteto de segurança da HypeFlame. A moderação será feita pelo editor do Mobile Time, Fernando Paiva.

Para assistir a transmissão ao vivo, é preciso se credenciar previamente neste link.