A OpenAI e a agência de notícias Associated Press (AP) firmaram um acordo para uso do arquivo de notícias pela companhia de inteligência artificial generativa. Em anúncio da última quinta-feira, 13, as duas empresas informaram conjuntamente que o acordo prevê o licenciamento de parte do arquivo textual AP para a OpenAI.

Em contrapartida, as notícias da agência de notícias vão melhorar a tecnologia e a experiência dos produtos da empresa em IA generativa.

Os valores da operação não foram informados, mas devem acelerar uma disputa pelo uso de materiais noticiosos para incrementar o desenvolvimento de serviços como ChatGPT e Bard.

Análise

As plataformas de IA generativa precisam de grandes modelos de linguagem (LLM) baseados em dados fidedignos para dar respostas assertivas e evitar erros, respostas grosseiras e até alucinações, quando a plataforma de inteligência artificial mostra respostas que não estão ligadas aos fatos e\ou realidade. Imagine uma empresa usando uma plataforma de IA generativa financeira para tomada de decisão em investimento, mas com base em fake news? Ou uma inteligência para saúde digital dando o tratamento errado para Covid-19 com base em discursos dos ex-presidentes do Brasil e EUA?

Isso só é resolvido com curadoria da base de conhecimento que alimenta o LLM, baseada em apuração, checagem e análise criteriosa que o jornalismo profissional faz desde os tempos de Johannes Gutenberg.

Mas, o jornalismo profissional custa, não é barato e diferentemente daquilo que venderam nos últimos dez anos, a IA não vai acabar com ele. Pelo contrário, sem jornalismo para alimentá-la não existirá a inteligência artificial bem informada.

Ou seja, do mesmo modo que as operadoras pedem o fair share das grandes plataformas digitais, pois essas utilizam suas redes para lucrar bilhões de dólares com serviços e produtos como publicidade todos os trimestres, o jornalismo também precisa ser pago devidamente pelo uso de suas notícias pelas IAs.

Por exemplo, os executivos Google frisaram que o Bard une a tecnologia do motor de busca, algortimos, LLMs e conteúdo aberto da web. Quando foram questionados pelos jornalistas brasileiros durante o lançamento da IA generativa, não deixaram claro quais são esses conteúdos abertos. Ainda assim, paralelamente, a companhia vem fechando contrato com os grandes veículos de mídia, em um movimento puxado mais pelos reguladores em países como França, Austrália e, mais recentemente, Canadá, do que pelas áreas de negócios das empresas.

A exceção é a OpenAI, que está enxergando o jornalismo como parte vital de seu produto e de seu modelo de negócios.

Super Bots Experience

A IA generativa será discutida em diversos painéis e palestras do Super Bots Experience 2023, evento organizado por Mobile Time nos dias 1 e 2 de agosto, no WTC, em São Paulo. Por sinal, Felipe Fiamozzini, expert associated partner em advanced analytics da Bain & Company, parceira preferencial da OpenAI, estará presente no painel de abertura. A agenda atualizada e mais informações estão disponíveis em www.botsexperience.com.br.