Aplicativo BibliOn (crédito: Secretária de Cultura e Economia Criativa de SP/divulgação)

A plataforma de biblioteca digital do estado de São Paulo, BibliOn (Android, iOS), espera chegar em 1,5 milhão de livros emprestados até maio de 2023. Em conversa com Mobile Time, o secretário de Cultura e Economia Criativa do estado de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, deu detalhes de como funciona o serviço, estrutura, curadoria, modelo de negócios e eventuais avanços tecnológicos e em parcerias do app.

Como funciona

Iniciando com 15 mil obras, entre livros digitalizados e audiolivros, o aplicativo pode ser acessado por dispositivos móveis ou PC. Depois de efetuar o cadastro na plataforma, cada usuário pode pegar até duas obras emprestadas a cada 15 dias. Ao finalizar o período de empréstimo, a licença esgota, mas o cidadão paulista pode pedir uma renovação por mais 15 dias.

“São dois livros para ler a cada 15 dias”, diz Sá Leitão. “Funciona exatamente como uma biblioteca física, mas de forma digital. Podendo ser acessada por tablets, celulares e computadores”, completa.

Importante dizer, existe um número de licenças por cada título. Ou seja, se o usuário pede um livro que está esgotado, ele entra em uma fila e recebe um aviso no app quando o livro está liberado para alugar.

Além dos livros, o app tem podcasts, capacitações, clube de leituras e gamificação para incentivar a leitura entre os usuários. Os leitores também podem sugerir títulos a serem inseridos no app e sua equipe de curadoria buscará adicionar à plataforma.

Estrutura

Sérgio Sá Leitão, secretário de cultura e Economia Criativa do estado de SP (Crédito: Joca Duarte/divulgação)

O time que cuida do acervo do BibliOn é a SP Leituras, grupo que atua na Biblioteca Parque do Villa Lobos e Biblioteca de São Paulo, ambas na capital. A equipe fica responsável por sugerir livros e criar conteúdo (vide podcast com escritores). Além disso, o app tem um time de tecnologia que atualiza e cria as funcionalidades para o aplicativo.

“Nós fizemos um período de testes de um ano. Esse projeto começou silenciosamente no ano passado (2021). Queríamos só fazer o anúncio (de lançamento) quando a plataforma estivesse funcionando 100% na maneira que pensamos. Nesse período tivemos 10 mil usuários com 30 mil empréstimos de livros”, revela o secretário. “Foi muito importante acompanhar esse processo de testes para desenvolver novas funcionalidades e tornar a BibliOn mais amigável, divertida e entretida. Deixar a plataforma mais quente e mais atrativa para o público”, completa.

Sá Leitão explicou ainda que o aplicativo tem motor de inteligência artificial com algoritmo para sugerir obras aos leitores a partir de livros e audiolivros que consumiram antes.

Modelo de negócios

BibliOn

Tela do BibliOn (crédito: Secretaria de Cultura e Economia Criativa de SP/divulgação)

O aplicativo começou a ser desenhado em 2019 e o projeto foi apresentado aos então governador João Doria (PSDB-SP) e  vice-governador e secretário de governo Rodrigo Garcia (PSDB-SP). Ambos aceitaram e aprovaram a ideia e a criação do app entrou no orçamento do estado.

O governo estadual investiu R$ 15 milhões no app em três anos. Os valores contemplam o desenvolvimento da plataforma, investimento com divulgação e redes sociais, contratação e pagamento da equipe de curadores, despesa do projeto, mas principalmente o pagamento às editoras e aos detentores da propriedade intelectual.

“No Brasil, 40% da população brasileira não tem o hábito de leitura, 30% nunca comprou um livro, apenas 52% têm algum hábito de leitura. A média de livros lida ao ano é de 4,6 títulos por brasileiro. São indicadores muito baixos no País. A leitura está intrínseca ao conceito de cidadania e desenvolvimento. Uma das maneiras de desenvolver um País mais justo, igual e harmônico, é o desenvolvimento do hábito da leitura. Temos duas ‘bibliotecas parque’, São Paulo e Villa-Lobos. Apoiamos por meio do ProAC a criação de novas bibliotecas, reformas de bibliotecas e programas de estímulo à leitura. Mas precisávamos trazer uma nova maneira de leitura”, diz.

Vale dizer que o app BibliOn ainda tem parceria com 300 bibliotecas de rua. Elas possuem tablets que, por sua vez, são emprestados ao público. Ao todo, o estado de São Paulo fornece 1,5 mil dispositivos nessas localidades.

“O Biblion é para todos os públicos, mas é especialmente focado para o público jovem, pois o jovem está no digital. Queremos tornar o acesso mais fácil e estimular o hábito da leitura na população. Queremos que mais pessoas leiam mais, pois é fundamental para o Estado em termos de desenvolvimento. Vamos acrescentar novos títulos, vamos expandir as parcerias com espaços físicos e aumentar a oferta de audiolivros”, completa.

Próximas etapas

O projeto da biblioteca digital está aberto para parcerias com instituições públicas e privadas. O aplicativo permite acesso de qualquer dispositivo, e o usuário pode acessar a biblioteca em qualquer lugar. Logo, qualquer lugar também pode se tornar uma biblioteca.

Dentro do estado, Sá Leitão explica que há uma conversa agendada com o secretário de educação Hubert Alqueres na próxima semana para analisar o uso do app na rede pública de ensino. Também está em tratativas com Laura Laganá, diretora-superintendente do Centro Paula Souza (CPS), com o intuito de levar o app aos alunos de ETECs e FATECs; vale dizer que Laganá já disparou o tutorial (vídeo e texto) de uso do BibliOn para os estudantes do CPS.

“Todo mundo que tiver espaço pode participar. Nós podemos ter totens de acesso ou mais tablets dentro de espaços e empresas com os livros disponíveis. O projeto foi montado para permitir um engajamento. Em teoria, qualquer um pode fazer a biblioteca em sua rua, em seu comércio. Basta ter um dispositivo e acesso à Internet”, disse.

Zero rating e outros estados

Tela da plataforma Cultura Em Casa (Crédito: Secretaria de Cultura e Economia Criativa de SP/divulgação)

No segmento privado, o secretário de Cultura afirmou que está em conversas com a Conexis para o app receber zero rating das operadoras, mas reconhece que ainda há barreiras no diálogo, em especial por conta dos desafios operacionais. Mas lembrou que o app permite ao usuário baixar o livro em seu celular, tablet ou computador e acessá-lo offline durante os 15 dias de empréstimo, de modo a não consumir em demasia sua franquia de Internet.

O plano do secretário quando assumiu a pasta era lançar duas plataformas tecnológicas: o BibliOn e a plataforma de vídeos sob demanda e streaming Cultura em Casa (Android, iOS), que está no ar desde 2020 e historicamente tem mais de 8 milhões de visualizações e 3,5 milhões de usuários únicos.

Inicialmente, a visão de Sá Leitão é que Cultura Em Casa terá um link de acesso para levar ao BibliOn e vice-versa. Mas, eventualmente, não descarta a sinergia das duas plataformas para criar um hub de conteúdos do estado.

Quanto à parceria com outros estados, novamente, o secretário disse que está aberto ao tema. Inclusive citou acordos que possui para veiculação de conteúdos de governos de Rio Grande Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pará e Ceará no Cultura Em Casa.

“Essa experiência está disponível para todos. Portanto, nós temos o maior prazer de compartilhar com outros estados e municípios”, afirma. “Desse modo, os estados não teriam o custo de desenvolvimento da plataforma. E já temos uma base de usuários significativa. A nossa causa aqui é a cultura, a difusão da cultura e levar a cultura para as pessoas”, conclui.