Roberto Murakami, CTO da NEC na América Latina (esq.); Augusto Dantas Nellessen, superintendente de TI do Itaú (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

A falta de componentes e os impactos na cadeia de suprimentos atrasaram o desenvolvimento do OpenCare 5G do Hospital das Clínicas de São Paulo. Durante o primeiro exame de ultrassom feito por meio de uma rede privativa de quinta geração no Brasil nesta quinta-feira, 15, Roberto Murakami, CTO da NEC na América Latina, confirmou o problema.

Com a falta de equipamentos, os participantes do projeto tiveram que se adaptar. Murakami relatou que, pelo fato de ser um projeto baseado em padrão de redes abertas (OpenRAN), o OpenCare 5G pode usar equipamentos de prateleira. Um exemplo citado foi o servidor usado pelo Itaú para receber o sinal 5G em seu data center, um equipamento da Dell que pode ser comprado no site da fabricante. Ainda assim, Augusto Dantas Nellessen, superintendente de TI do Itaú, explicou que o core da tecnologia 5G foi adaptado para ter toda a robustez do data center do banco, da massa crítica computacional aos firewalls.

Avanço técnico

Nellessen não descarta ter parceria com operadoras para o projeto. Explicou que, neste momento, a expansão geográfica consiste em levar uma linha privada com fibra ótica e, a partir daquele local, colocar uma antena para o 5G privativo. Mas quando o local tiver público, o banco pretende usar o FWA (Fixed Wireless Access).

Em uma fase mais avançada, com o uso de inteligência artificial, o banco poderá usar as 6 mil agências que possui pelo País como edge computing. Albert Lang, gerente de Tecnologia do Itaú, explicou ainda que o fato de ser OpenRAN permitirá escalar com segurança e facilidade.

Murakami acrescentou que o projeto tinha como objetivo primário testar a tecnologia e confirmar seu caso de uso. Agora, a ideia é criar sites remotos e aplicar a experiência remotamente. A terceira parte é escalar geograficamente.

Avanço financeiro

Com a primeira fase do projeto custando R$ 5 milhões, dividido entre as empresas participantes, o presidente do conselho do HC, Giovanni Cerri, afirmou que para as próximas fases do projeto será preciso ter mais investimentos. Segundo Moacyr Martucci Junior, professor da Poli-USP, a ideia é que, uma vez com mais dinheiro, o projeto avance para a próxima fase em quatro meses. Depois do teste desta quinta-feira, o projeto deve avançar para um teste em uma cidade na região da Grande São Paulo e posteriormente em uma região ribeirinha no norte do País. Em seguida, o OpenCare 5G deverá oferecer teleconsulta.

Marcia Ogawa, sócia líder de TMT na Deloitte, explicou que o custo nas próximas fases não será mais tão proibitivo, uma vez que o OpenCare 5G não tem mais “custo de desenvolvimento”, apenas o custo de “expansão”.