Apesar dos crescentes golpes envolvendo o Pix,  os brasileiros enxergam o meio de pagamento como seguro. 79% acham que há verificações de segurança suficientes ao se enviar um Pix, segundo pesquisa da FICO, divulgada na última quarta-feira, 15.

56% dos entrevistados acreditam, inclusive, que o Pix é mais seguro do que o cartão de crédito ou débito, enquanto 36% acham que tem o mesmo nível de segurança. “No mercado brasileiro, as pessoas têm alguma maturidade em termos de educação financeira para prevenir esses golpes”, constatou Ricardo Ribeiro, diretor de plataforma da FICO América Latina.

Para o estudo, 1 mil brasileiros foram entrevistados, em janeiro de 2023, como parte de uma pesquisa com 14 mil pessoas, em 14 países. O estudo mostrou uma adoção massiva do pagamento instantâneo no País. 97% afirmaram ter enviado ou recebido dinheiro por meio de Pix. 88% usam para transferências a outras pessoas; 74%, a negócios; e 48%, para pagamento de empresas a consumidores.

A tendência é que o uso do Pix continue a crescer. 63% dos brasileiros pretendem aumentar a utilização do meio de pagamento, ao longo de 2023, enquanto 31% disseram que vão manter o mesmo nível de uso. Apenas 3% querem fazer menos transferências instantâneas. Entre os benefícios, 92% gostam da rapidez e 86%, da facilidade.

Os brasileiros cobram uma postura mais proativa das instituições financeiras para prevenir transações a criminosos. 42% das pessoas gostariam de receber um aviso de que podem estar prestes a enviar dinheiro para um golpista no próprio aplicativo do banco. Já 12% prefeririam receber esse aviso em outros apps, como o WhatsApp. Ligação (17%), e-mail (13%) e SMS (13%) foram outros meios citados.

Responsabilidade

Para 46% dos entrevistados, a responsabilidade é de quem sofre o golpe. 20% acreditam que é do banco que recebeu e 18%, do banco que enviou. Apenas 9% acham que a responsabilidade é do golpista. 4% afirmaram que é dos sites de busca e redes sociais onde os golpistas fazem os anúncios para fisgar a vítima.

“Sem dúvida, os bancos têm que começar a olhar para isso. Eles também são potencialmente responsáveis ou corresponsáveis – tanto o que envia, quanto o que recebe. É preciso garantir que, em tempo real, consigam identificar o potencial golpe, através de inteligência artificial, machine learning, além de haver essa comunicação proativa, em relação à transferência que a pessoa vai fazer”, afirmou Ribeiro.

Autenticação de dois fatores

Para Saulo Fernandes, diretor da linha de serviços de comunicação com clientes da FICO América Latina, nem mesmo a autenticação de dois fatores por SMS pode ajudar a evitar golpes com Pix, dado os casos de SIM swap, quando o fraudador transfere a linha telefônica da vítima para o seu chip, capacitando-o a realizar golpes mesmo com essa camada adicional de segurança.

“Caso precise implementar algum processo de segundo fator de autenticação utilizando o texto, sugerimos que o cliente utilize confirmação de dados pessoais, com uma ou mais perguntas de qualificação, como últimos dígitos do RG ou do CPF, sobrenome, CEP da residência. Ou dois canais como fator de autenticação – além do SMS, poderia enviar um token de e-mail, que é um pouco mais seguro e menos exposto a fraudadores”, contou.