Alexandre Magno, diretor de e-commerce da Wine (Crédito: Celso Doni/divulgação)

A Wine (Android, iOS) segue um plano ambicioso de crescimento no mundo físico por meio de seus clientes móveis. Com 60% dos consumidores ativos no app e 70% das vendas sendo realizadas nele, a companhia vem aumentando a oferta de lojas para ampliar sua cobertura de vendas e o sortimento de garrafas.

“O mobile é o centro do negócio. Nossa base instalado no app está em mais de 500 mil pessoas e mais de 1 milhão de downloads. E sete em cada dez vendas da empresa são no aplicativo. Hoje, o app da Wine é o destino quando se pensa em comprar vinhos. É muito importante também por causa da geolocalização”, disse Alexandre Magno, diretor de e-commerce da companhia. “Nós queremos participar de todas as jornadas de compras do consumidor”, completou.

Basicamente, a companhia tem três frentes de negócios: clube de assinaturas para o consumidor final, e-commerce e comércio de rua, com lojas próprias e parceiros B2B.

O executivo explica que o aplicativo, assim como sua plataforma web, tem um papel de educação dos brasileiros no mercado de vinho, cujo segmento registrou o consumo da bebida entre janeiro e julho deste ano em 18 milhões de litros, alta de 22% na comparação com o mesmo período de 2020, que chegou  14,5 milhões, segundo relatório da União Brasileira de Viticultura (Uvibra).

No relatório do terceiro trimestre de 2021, a Wine tinha 281 mil assinantes, sendo 75 mil deles novos, ou seja, entraram neste período. A receita líquida do período foi de R$ 161 milhões, crescimento de 69% ante o mesmo período em 2020, sendo que R$ 58 milhões vieram de assinantes. E o Ebitda foi de R$ 50,7 milhões, incremento de 138,5%.

Como funciona – B2C

Após baixar o app, o consumidor passa por um questionário no onboarding que o ajuda a escolher o tipo de vinho que gosta. Segundo Magno, esse processo acontece por meio do WineBox, a recomendação do clube de assinatura. Atualmente, esse processo tem um NPS (nível de satisfação do cliente, na tradução livre para o português) de 80 pontos e permite trazer vários feedbacks para a plataforma.

“A nossa jornada começa pelo clube de assinatura. A pessoa tem dificuldade em selecionar o produto, pois o brasileiro não tem uma cultura de vinhos muito antiga. Nós mandamos para as casas dos clientes vinhos de diferentes uvas e países para começar a jornada. Depois que ele se torna assinante, nós oferecemos o e-commerce. O cliente da compra planejada era fiel. Mas para consumo de última hora, ele recorria ao ponto de venda mais próximo”, explicou o diretor.

“Daí entra a necessidade do projeto de omnicanalidade. Para entregar nas lojas físicas e descentralizar o estoque. Nas cidades em que estamos presentes, entregamos no mesmo dia em três horas. Quando você abre o app, avisamos o que tem na loja. Fazemos entregas com malha de parceiros, como a Loggi”, detalhou Magno.

No relatório do terceiro trimestre divulgado em outubro deste ano, a companhia tinha 15 lojas próprias para suprir essa demanda de omnichannel.

Como funciona – B2B

Além disso, o clube de assinatura e importadora de vinhos tem avançado no mercado B2B com ofertas off-trade (hipermercados, supermercados, minimercados, hortifrutis e mercearias) e on-trade (bares, restaurantes, casas noturnas, clubes e hotéis), algo que foi adicionado a partir da compra da Cantu Importadora neste ano e é administrado pela unidade de negócios chamada de ‘Bodega’.

“Por exemplo, o Pão de Açúcar (rede de supermercados) entrou pela Cantu. Somos fortes em redes regionais, que passaram a descobrir o vinho no ano passado. A ideia é trazer mais tecnologia para esse canal de varejo tradicional, é uma categoria de giro menor, o parceiro varejista ainda não sabe trabalhar”, disse. “Nós queremos digitalizar o processo de compras, colocando os produtos dentro do app da Wine, ajudando no sell-out, e contribuindo para um sortimento mais interessante”, conclui.

De acordo com diretor de e-commerce, esse segmento já representa 38% da receita da empresa.

Recentemente, a Wine tornou-se a principal importadora do País e passou a chilena Concha y Toro, com R$ 31 milhões de frete pago pelo importador (FOB, métrica utilizada para acompanhar o crescimento do setor), segundo análise da Ideal Consulting entre janeiro e agosto deste ano.

Expansão internacional e IPO

Recentemente a companhia começou seu processo de expansão internacional pelo México. O país foi escolhido por ter consumo similar ao mercado brasileiro, como o fato de ser o sétimo consumidor de bebidas alcoólicas do mundo; comprar rótulos importados de vinhos; e ter um consumo anual da ordem de 89 milhões de litros de vinho – superior ao Brasil, se considerar que a população é 40% menor.

“É um tema que estamos olhando, pois tem países com características similares ao Brasil no consumo e digital. Queremos entrar com o clube de assinatura. Mas é ao mesmo tempo um processo complexo, depende de entender outras características no país”, disse ao Mobile Time.

Em relação à oferta pública inicial (IPO), o executivo da Wine disse que “vai sair na hora certa”, pois é uma combinação do melhor momento do mercado e dos resultados da Wine: “A companhia cresce rápido, independente de não ter feito o IPO no ano passado. Mas é claro que isto é algo que buscamos”, afirmou.

Vale lembrar que a companhia suspendeu o processo de IPO no final de 2020 e aguarda o melhor momento para entrar no mercado de capitais. Enquanto isso, a empresa entrega os relatórios trimestrais e resultados como se tivesse feito a oferta pública.

Além do vinho, a companhia considera entrar em outros segmentos de bebidas, como vodka, gin e whisky. No ano passado, a companhia fez um primeiro teste de vendas com esses produtos.