A Zenvia registrou uma queda de 9% em sua receita, chegando a R$ 180 milhões no primeiro trimestre de 2023, ante R$ 197,5 milhões um ano antes. Ao final do primeiro trimestre de 2023, a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 3,5 milhões, redução de 83% comparado ao prejuízo de R$ 21 milhões do mesmo período de 2022.

Em conversa com Mobile Time nesta quinta-feira, 17, o CFO e IRO da companhia, Shay Chor, afirmou que a queda ocorreu devido à dinâmica no mercado de preços (em queda) nos SMS e busca de lucratividade (aumento do EBITDA) no segmento de CPaaS. Explicou que a Zenvia escolheu não entrar na guerra de preços pelo SMS desde o quarto trimestre de 2022 e que isso seguiu para o primeiro trimestre de 2023: “Teve uma dinâmica muito forte de competição, muita pressão por preço e optamos (como companhia) por não seguir esse caminho para focar em rentabilidade”, completou.

Chor detalhou que nesta busca por “equilíbrio entre o volume de SMS e a rentabilidade do negócio”, a Zenvia precisou “diminuir um pouco” a volumetria do envio de torpedos e perder um pouco de receita. Como resultado, a companhia conseguiu aumento de 33% no lucro bruto, de R$ 60 milhões para R$ 80 milhões, e saiu de um EBITDA negativo (R$ 7,6 milhões) no primeiro trimestre de 2022 para um positivo (R$ 24 milhões) na comparação ano a ano.

Parte do resultado vem de uma estratégia que a Zenvia preparou no segundo semestre de 2022. A empresa ajustou o preço de envio de SMS baseado na necessidade da entrega das mensagens e na oferta com pacotes mais competitivos. Por exemplo, o valor de disparo praticado para um cliente que pede duplo fator de autenticação ao seu consumidor é mais diferenciado comparado com aquele que tem uma campanha simples de cobrança.

Mix de clientes e metas

Chor afirmou que o resultado não muda o guidance da companhia para o ano. Em sua meta para 2023, a companhia espera por um EBITDA entre R$ 70 milhões e R$ 90 milhões e um aumento da receita de 9% a 15%, em um valor que pode variar entre R$ 830 milhões e R$ 870 milhões.

No resultado dividido por unidade de negócio, a receita com CPaaS caiu 24%, de R$ 145 milhões para R$ 110 milhões, além de uma queda de clientes (20%) de 9 mil para 7 mil. Em SaaS, a receita aumentou 32%, de R$ 52 milhões para R$ 68,5 milhões; e praticamente dobrou (92%) o número de clientes, de 3,3 mil para 6,4 mil. Com o mix de clientes próximo do meio a meio, Chor revelou que a expectativa da companhia é de um crescimento do SaaS na divisão e chegando a 70% do lucro bruto da Zenvia em médio prazo, uma vez que é mais rentável.

Vale dizer, o SaaS tem soluções empacotadas e desenhadas para a jornada do cliente, como o Zenvia Attraction para campanha de aquisição de clientes em múltiplos canais com inteligência de dados. Já o CPaaS é a comunicação mais tradicional, como o SMS.

Pós M&A

O primeiro trimestre de 2023 é aquele em que a Zenvia não tem mais impactos financeiros das aquisições feitas a partir de seu IPO em 2021. Chor explicou que a partir da última aquisição, da Movidesk, em maio de 2022, a empresa acelerou a integração de pessoas e processos, o que terminou em novembro de 2022. A companhia ainda passou por um plano de redução de despesas no terceiro trimestre de 2022 e agora começa a colher os frutos.

O CFO afirmou que a empresa vende os produtos de SaaS conjugados, são eles: Zenvia Conversation, a partir da compra da Sirena; Zenvia Service, a partir da compra da Movidesk; Zenvia Success, solução feita com a aquisição da Sensedata; e consultoria para empresas com a aquisição da D1.

Sobre uma possível redução no quadro de funcionários, Chor explicou que o plano de corte de despesas surtiu efeito ainda em 2022 e com isso a empresa de CPaaS e SaaS não precisará fazer cortes. E afirmou que a estrutura da Zenvia está preparada para crescimento nos próximos dois anos.