Ericsson

O presidente da Ericsson no Brasil e Cone Sul, Rodrigo Dienstmann, confirmou que a companhia está aumentando sua produção de equipamentos 5G no Brasil. Em conversa com jornalistas nesta terça-feira, 17, o executivo afirmou que a companhia adicionou dois rádios e três basebands ao seu portfólio com foco na quinta geração de redes celulares.

Com investimento de R$ 1 bilhão programado para a fábrica entre 2020 e 2024, Dienstmann afirmou que a operação tem um papel importante para atender o Brasil, mas também demais países da América Latina e de outros continentes: “A fábrica serve à região da América Latina, Europa, China e Estados Unidos. Estamos ampliando as linhas na fábrica, começamos com rádio específico e agora teremos basebands com inteligência embarcada”, disse o executivo.

“A nossa fábrica tem mais de 20 anos e vem se atualizando para seguir competitiva. Para nós é crucial ter fábrica na região. É muito mais fácil transportar componentes do que aparelhos prontos”, completou.

Dienstmann explicou ainda que a Ericsson não está sendo afetada pela crise de supply chain e falta de chips por enquanto. Ainda assim, explicou que a companhia está bem preparada para atender a demanda dos seus clientes no 5G, independentemente do tamanho e da aplicação que terá.

Demanda

Sem fazer previsões financeiras, Dienstmann vê uma mudança significativa no share de investimentos, do 4G para o 5G, mas também citou a entrada de novos players que precisarão da conectividade.

“Podemos esperar um deslocamento muito grande para o 5G nas operadoras. E os novos modelos de negócios vão trazer novos atores: o FWA pode trazer ISPs e redes neutras. Vai ampliar a nossa participação no ecossistema de redes na América Latina”, afirmou. “Redes privadas vão ganhar um share importante, em setores como mineração, logística e oil & gas. Neste caso, estamos trabalhando para os projetos que as operadoras vão entregar”, relatou.

Entre os setores que estão com testes em rede privada 5G na América Latina, o presidente da fornecedora citou projetos em logística, ferrovia, mundo fabril, além de um piloto de agronegócios. Em FWA, a proposta da Ericsson é atuar como provedor de equipamentos de rede, não de produtos para o consumidor, os CPEs.

5G fatiado

Um dos termos mais usados pelo executivo na conversa foi “slicing”. Dienstmann acredita que o fatiamento da rede 5G possibilitará novas formas de receita para a companhia. Deu como exemplo o uso de FWA em frequência de 3,5 GHz ou 26 GHz e de redes standalone (SA) para o segmento privado.

Neste cenário, a aposta da Ericsson é no avanço das patentes de software. Atualmente, a companhia tem 173 famílias de patentes originadas no Brasil. Em março deste ano, anunciou o depósito da patente família 160, que garante maior eficiência na operação do novo padrão tecnológico (5G) com uso de inteligência artificial para garantir melhor “fatiamento” de rede por meio de diferentes ferramentas de controle de congestionamentos nas redes das operadoras. Desde então, a fornecedora alcançou 13 novos depósitos de patentes desenvolvidas no País.

“O Brasil tem um papel importante em patentes”, afirmou ao citar o time de pesquisa e desenvolvimento em Indaiatuba. “Estamos investindo nisso (P&D e patentes) nos últimos anos. E as patentes atuais estão concentradas no 5G, como a família 160, ligada à software. Com elas, as redes serão autogerenciadas e definidas por softwares com robôs”, completou.