As companhias que concedem crédito aos consumidores e pequenos empresários brasileiros veem o ano de 2022 com otimismo para o setor. Mesmo com o cenário nebuloso pela macroeconomia (alta da inflação, aumento da taxa Selic, quase 15% da população desempregada e crise hídrica) e uma possível eleição presidencial polarizada, os executivos de 123QRed, Mercado Pago, RecargaPay e Vivo acreditam que há espaço para crescer.

“O cenário é bem desafiador. Mas nós continuaremos vendo uma demanda crescente de crédito. No final do dia, a chave para as empresas é ser a principal plataforma para os clientes. Quem conseguir ser seletivo terá bastante oportunidade”, afirmou Renato Burin, country head do Mercado Pago/Mercado Crédito, durante o MobiFinance, evento organizado por Mobile Time nesta terça-feira, 19.

Para Gustavo Victorica, COO e cofundador do RecargaPay, um problema é o aumento da taxa Selic. Ele explica que esse incremento ainda não se traduziu em repasse para o consumidor tomador de crédito, mas estima que deve afetar em breve, e será uma questão de qual player do mercado tomará o primeiro passo. Ainda assim, a perspectiva é positiva para a plataforma, que recebeu recentemente sua licença de crédito do Banco Central.

“Nossa expectativa é positiva. Somos pequenos e o mercado de crédito tem espaço para crescimento. Obviamente, a macroeconomia e as perspectivas políticas das eleições no ano que vem impactam. Mas essas tendências de digitalização e penetração dos serviços financeiros vão nos ajudar. O cenário será um problema dos (grandes) bancos”, completou Victorica.

Planejamento

Por sua vez, Adriano Duarte, CEO da 123Qred, espera que 2022 seja o primeiro ano em que poderá ofertar crédito como plano de crescimento das pequenas e médias empresas e não somente para a sobrevivência delas. Isso porque a companhia que trabalha com concessão de empréstimo para esse segmento precisou adaptar a estratégia de ser alavanca financeira durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV 2), com muitos comerciantes buscando empréstimos para manterem seus negócios de pé e evitarem a falência.

“Acho que teremos um primeiro semestre muito duro no próximo ano, mas teremos um trabalho de planejamento para trazer modelos de crédito vencedores – como aqueles que temos na Suécia. Pois nesse ano e meio tentamos administrar a situação caótica que vivemos”, disse Duarte. “2022 deve ser um ano em U, não será em V”, prevê.

Sandro Sinhorigno, diretor de soluções financeiras da Vivo, acredita que o cenário é otimista para 2022, pois, o movimento da pandemia trouxe mudanças de cultura e o consumidor para “o digital”. Explicou que o Vivo Money, que completa um ano nesta terça-feira, aumentou o leque de usuários atendidos, do pós-pago e controle para o pré-pago: “Mesmo com a ótica econômica e política, eu vejo com bons olhos o próximo ano”.

Contatos

Fornecedor de soluções de comunicação para o ecossistema financeiro, Caio Borges, diretor de vendas da Infobip no Brasil, aposta que 2022 deve manter a toada de crescimento do uso de mensageria no segmento de empréstimo. Desde o começo da crise pandêmica em 2020, o executivo viu o segmento da parte de cobrança crescer 15% na sua empresa.

Borges afirmou que SMS e voz ainda dominam esse setor, mas acredita que soluções como WhatsApp, RCS e até o SMS podem crescer, uma vez que a jornada do consumidor está mais digital e rotineira nos aplicativos de mensageria.

“Dois anos atrás, acredito que não daria certo por bot (serviços de crediário). Mas como desenvolvedores de bots, nós sempre tentamos humanizar o seu atendimento. Hoje, como os usuários estão se acostumando com bots e chat apps, eles começam a aderir mais a essas interações. Ele está migrando do contato de voz para essas plataformas”, disse o executivo. “Acredito que vai crescer (a mensageria nos serviços de cobrança), pois as pessoas querem resolver seus problemas em curto tempo”, concluiu.