Estande do Google na CES

O Google ampliou a iniciativa de pagamento de royalties por uso de notícias de oito sites de Brasil e Alemanha nesta quinta-feira, 20. Agora, a companhia pagará por indexar material à sua plataforma dos seguintes produtores de notícias alemães: ZEIT ONLINE, Der Spiegel, Tagesspiegel, Frankfurter Allgemeine Zeitung, Ippen Media Group e Rheinische Post. No Brasil, estão A Gazeta e UOL.

Lançado no final de junho, os sites de notícias que aderiram ao programa nesta quinta-feira se juntam a outros quatro veículos que foram apoiados pelo Google: o alemão Der Spiegel; os australianos InQueensland e InDaily; e os sites da Diários Associados no Brasil.

Austrália x Google

Coincidentemente, assim como ocorreu no lançamento da iniciativa, a informação de apoio do Google aos sites de notícia surge dias após o regulador do governo australiano subir o tom contra a empresa norte-americana. Em carta aberta publicada na última segunda-feira, 17, o Australian Competition & Consumer Comission (ACCC) acusou o Google de publicar “desinformação” em sua contribuição para a consulta pública para o novo código de conduta de negociações entre plataformas de Internet e empresas de notícias. Nela, a empresa dizia que teria que mudar seu modelo de negócios e cobrar dos australianos.

No documento, o órgão regulador disse que o Google não precisará cobrar ou coletar mais dados dos australianos, mas negociar e pagar apropriadamente os veículos de notícias daquele país, uma vez que faz sua indexação nas plataformas da empresa, como o buscador Google e o serviço de vídeos YouTube.

“Isso significará um poder de barganha entre negócios de mídias australianos contra Google e Facebook”, diz trecho da nota do órgão australiano, similar ao Cade do Brasil. “Um setor de notícias saudável é essencial para um bom funcionamento da democracia”, adicionou.

A consulta pública australiana está aberta para contribuição até o dia 28 de agosto deste ano.

Entenda o caso

A disputa começou inicialmente em dezembro de 2019 na Austrália. O regulador local de competição e consumo (ACCC) recebeu o aval do governo local para endurecer e questionar Google e Facebook por desequilibrar o ecossistema digital, em especial no ramo de notícias, que não estaria recebendo de forma justa pelas indexações.

Na sequência, em fevereiro deste ano, o regulador francês Autorité de la Concurrence ordenou que o Google pagasse os veículos de notícias apropriadamente, uma decisão que foi reforçada em abril. Na época, o órgão disse que “provavelmente” a companhia abusou de sua posição dominante no mercado de serviços de busca geral, ao impor condições comerciais injustas a editores e agências de notícias.

Novamente na Austrália, em abril deste ano, o Ministério do Tesouro do governo australiano pediu que o ACCC lançasse um código de conduta para dar poder de barganha aos veículos de mídia ante Google e Facebook. Com o código lançado no mês seguinte, as duas plataformas digitais tiveram que negociar com as empresas de notícias.

Após Google e Facebook fazerem jogo duro e não acertarem um pagamento, que estaria próximo dos US$ 600 milhões por ano, a ACCC instruiu a mídia australiana a fazer um boicote contra Google e Facebook, como publicado no jornal The Guardian, em especial pelas redações australianas estarem passando por problemas financeiros, como é o caso do Buzzfeed Australia e do site 10 Daily, que fecharam as portas e demitiram 25 jornalistas durante a crise.

Vale lembrar, mesmo com queda significativa da receita de publicidade durante a crise do novo coronavírus, a Alphabet, controladora do Google, fechou o segundo trimestre de 2020 com uma receita de US$ 38 bilhões, uma queda de 2,5% ante US$ 39 bilhões do mesmo período em 2019.