| Publicado no Teletime | O governo brasileiro aceitou a proposta dos Estados Unidos e assinou um acordo com o Banco de Exportação e Importação dos EUA, o EximBank, que garante linha de crédito de US$ 1 bilhão para investimentos no setor de telecomunicações brasileiro para a aquisição de equipamentos para a implantação da tecnologia 5G no País. O acordo é uma tentativa norte-americana de criar dificuldades competitivas para a Huawei no fornecimento de equipamentos para a nova tecnologia de conectividade.

As operadoras de telecomunicações que atuam no Brasil poderão requerer créditos por meio de agências oficias para adquirirem equipamentos para a implementação da tecnologia 5G, desde que estes equipamentos não sejam da gigante chinesa Huawei. Não se trata de uma obrigação e muito menos de doação, contudo, mas uma opção de financiamento.

Há tempos o governo norte-americano acusa a empresa chinesa de repassar informações sigilosas de usuários de seus equipamentos para o governo chinês, o que poderia colocar em risco a proteção de dados de brasileiros. O governo dos EUA, ao garantir crédito para o mercado brasileiro, pretende reduzir a competição no fornecimento de equipamentos 5G no mercado nacional, fazendo com que as operadoras comprem equipamentos de fornecedores como a sueca Ericsson ou a finlandesa Nokia.

Investimentos

Na cerimônia de assinatura do memorando, no Itamaraty, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse à Agência Brasil que o País estaria abrindo os horizontes de investimentos. “Fizemos um acordo com o Mercosul, que estava parado há oito anos, com a União Europeia, parado há 20 anos; fizemos um acordo com a Área de Livre Comércio Europeia. Começamos negociações com Japão, Coreia do Sul, Canadá e chegamos a um grande acordo com os americanos para facilitar o comércio, convergência de marcos regulatórios e anticorrupção”, disse Guedes.

“Nossa aproximação com os americanos está sendo com base em resultados econômicos e também com segurança. Estamos com o Sr. O’Brien [conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos] exatamente para mostrar que, como percebemos durante a pandemia, novas tecnologias digitais foram decisivas”.

Guedes lembrou que o legislativo brasileiro está aprovando regras de modernização nas áreas apontadas que receberão os investimentos e que o governo brasileiro está trabalhando com os americanos nos organismos internacionais. Além das telecomunicações, o acordo brasileiro prevê que estes recursos serão alocados em energia, infraestrutura, logística, mineração e manufatura, incluindo a construção de aeronaves.

OCDE na agenda

A OCDE também entrou nas conversas do presidente Jair Bolsonaro com a comitiva do embaixador Robert O’Brien, conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos. O presidente brasileiro afirmou ter apoio do presidente Donald Trump para a adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Da região latino-americana, apenas Chile e México estão no grupo.

Alerta para o Brasil

No encontro com o governo brasileiro, as autoridades norte-americanas chamaram a atenção do Brasil sobre os investimentos chineses no País e os movimentos de Pequim para expandir sua influência na maior economia da América Latina por meio da venda de tecnologia 5G pela Huawei. A comitiva americana pediu que o governo brasileiro fique atento e monitore os passos da gigante chinesa.

“Incentivamos o Brasil a tentar trabalhar junto para garantir que vigiemos a China com atenção no que diz respeito a todos os tipos de tecnologia e telefonia e 5G”, disse o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, no evento.

Robert Lighthizer, representante comercial dos Estados Unidos (EUA), destacou que Donald Trump tem o desejo de expandir relações econômicas com o Brasil. Para o representante da comitiva norte-americana, os acordos comerciais alcançados com o Brasil na segunda-feira abririam o caminho para novas negociações sobre aço, etanol e açúcar e promoveriam maiores investimentos dos EUA em território brasileiro, num momento em que Washington se move para fornecer um contrapeso à expansão da China na região. (Colaborou Bruno do Amaral)