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José Renato Mello Gonçalves, vice-presidente da Orange Business Services na América Latina. Foto: divulgação

A Orange e a Nokia trazem para o Brasil a parceria das duas empresas para a implementação de redes privadas e recursos de edge computing para diferentes indústrias e verticais. As tecnologias 4G e 5G poderão ser utilizadas, dependendo do projeto, em ambientes privados e dedicados.

A parceria já existe em outros países, como na França, onde uma rede 4G/5G foi implementada na fábrica da Schneider Eletric. A planta combina as tecnologias com recursos para gerenciamento da qualidade do serviço de rede de quarta ou quinta geração móvel e segurança de processos industriais 4.0.

A integradora de produtos e serviços de comunicação e a fabricante também implementaram juntas uma rede móvel privada 4G, totalmente redundante e atualizável para 5G, a Fábrica do Futuro de Butachimie.

“Agora, queremos iniciar a implementação dessas soluções para ajudar na transformação dos processos organizacionais no mercado brasileiro em diversas verticais como metais, mineração e indústrias”, conta José Renato Mello Gonçalves, vice-presidente da Orange Business Services na América Latina, em conversa por e-mail com Mobile Time.

Para o executivo, a conectividade sem fio privada é essencial para os setores que buscam modernizar digitalmente suas operações.

A estratégia de implementação das redes privadas passa pelo Nokia Digital Automation Cloud (DAC), uma solução que tem como meta impulsionar a indústria 4.0. A DAC é uma plataforma de aplicativos que traz redes privadas sem fio e recursos de edge computing, com alto desempenho.

Oferecido como um serviço, o Nokia DAC combina conectividade plug-and-play 4.9G/ LTE e 5G com gerenciamento e processamento de dados no local para oferecer suporte a aplicativos em tempo real, proporcionando manufatura inteligente, manutenção preditiva e operações remotas.

“Essa tecnologia sem fio privada crítica ajudará no processo de digitalização de toda a indústria no Brasil, tornando os processos e operações cada vez mais modernos a fim de acelerar e evoluir as atividades organizacionais. Um benefício muito importante da solução está relacionado à segurança, tanto física quanto cibernética”, diz Gonçalves.

Tempo de implementação

De acordo com o executivo da Orange, o tempo de montagem de uma rede privada vai depender da disponibilidade de infraestrutura nas unidades, o que é o principal desafio no momento de implementação de uma rede privada.

Normalmente, as empresas iniciam com um pequeno projeto piloto de validação, momento em que é possível mensurar o ROI do caso de uso pretendido, e antecipar dificuldades para as demais plantas e sites. “E, aí, fala-se de meses”, estima. “A complexidade surge à medida em que se precisa adequar infraestrutura em locais onde as adequações de infraestrutura tornam-se difíceis ou custosas demais, podendo estender bastante a execução”, explica o VP da Orange.

Vale lembrar que, para implementar a rede privada, as empresas precisam de uma autorização específica da Anatel para a utilização das frequências na área de abrangência interessada. “É um processo relativamente tranquilo, e todo o suporte para a obtenção da autorização do serviço, dentro do que a Anatel classifica como Serviço Limitado Privado (SLP), é prestado pela Orange”, conta.

Com relação às frequências que podem ser usadas, Gonçalves, conta que a Anatel destina frequências para uso na modalidade SLP, e há expectativas de que faixas adicionais sejam disponibilizadas para flexibilizar ainda mais a escolha dentro da variedade de casos de uso, alguns requerendo longo alcance, outros altíssima largura de banda.

“É importante entender os objetivos de negócio dos clientes, e escolher frequências mais baixas para casos que requeiram maior cobertura, e frequências maiores para projetos que requeiram maior largura banda. Para o 5G, por exemplo, uma das expectativas é a utilização do espectro de 100 MHz dentro da banda n78 TDD, algo que foi já sinalizado pela Anatel. Para o 4G há, por exemplo, a possibilidade de uso de espectro dentro da banda n40 TDD”, detalha o executivo.

Os casos

A Butachimie é uma grande fabricante de intermediários de polímero para náilon e está trabalhando para digitalizar seus processos de negócios, começando com a segurança na fábrica e de seus dados. Para isso, e para antecipar novos casos de uso, Orange e Nokia projetaram uma rede privada 4G com capacidade para ser atualizada para 5G.

A rede privada foi baseada nas soluções de Radio AccessNetwork (RAN). Segundo a Orange, tanto os equipamentos quanto os dados coletados terão um alto índice de disponibilidade da rede, superior a 99,99%. Dessa forma, será possível antecipar falhas e garantir a produção contínua dentro da planta.

Vários casos de uso foram selecionados, incluindo geolocalização em tempo real (dentro de um metro), push-to-talk com interfone, digitalização de processos e uma ferramenta para gerenciar os dispositivos de comunicação da fábrica.

Já na fábrica da Schneider Electric, em Le Vaudreuil, também na França, as empresas forneceram soluções de conectividade escaláveis e sustentáveis para uso em indústrias.

A solução de fracionamento da Nokia suporta dispositivos de LTE existentes, 5G Standalone (5G SA) e 5G Non Standalone (5G NSA), além de incluir software de controle de domínio nas camadas RAN, núcleo e de transporte para permitir conectividade total da fração. Com esta solução, a empresa continua implementando e testando o gerenciamento de diferentes recursos de prioridades, desempenho e segurança adaptados a casos inovadores de uso, enquanto otimizam os recursos de rede.