O Google confirmou que trabalhará com a Huawei durante os próximos 90 dias, um período imposto pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos na última segunda-feira, 21 para manter sua rede online e proteger seus usuários de riscos de segurança. A relação entre as duas empresas deverá durar até 19 de agosto de 2019, quando a licença termina.

Na visão do Google, as atualizações de segurança e conexões são importantes para o interesse de todos. Neste período, a companhia confirma que continuará oferecendo updates do Android. A Huawei preferiu não comentar.

Vale lembrar, essa licença de três meses é temporária. O mais novo capítulo na disputa comercial entre a empresa chinesa e o governo dos EUA começou na última semana, quando a administração do presidente Donald Trump colocou a Huawei em uma lista que proibia empresas norte-americanas de fazerem com a fornecedora.

Análise e números da disputa

Smartphones – Para entender a disputa entre chineses e governo dos EUA, é preciso ver os números mais recentes da Huawei. A chinesa é a segunda maior fabricante de smartphones do mundo com 59 milhões de dispositivos enviados ao varejo e uma fatia de mercado de 19% no primeiro trimestre de 2019, segunda a Canalys, crescimento de 50% na comparação ano a ano. Fica atrás apenas da Samsung, que teve 71,5 milhões de dispositivos enviados e 23% de fatia de mercado, queda de 10% ante o primeiro trimestre de 2018.

Smartphones II – Esse desenvolvimento da Huawei acontece sem a companhia vender handsets aos Estados Unidos – devido a uma acusação de espionagem um ano atrás que até o momento não se comprovou. Ainda de acordo com a Canalys, o negócio de handsets da fabricante está dividido em 51% dentro da China e 49% em outros países – principalmente Europa. E, nos últimos meses, a chinesa vem investindo na expansão de seu negócio mobile para países emergentes, o que a colocaria em rota para assumir a liderança do setor em 2020 e tirar mais mercado de Samsung e Apple.

5G – Além disso, a companhia é uma das empresas na vanguarda do 5G, o que também é um dos motivos da disputa comercial com os Estados Unidos, uma vez que as empresas norte-americanas perderão mercado para as chinesas. O exemplo está no relatório do primeiro trimestre de 2019 da Huawei: a fornecedora fechou 40 contratos comerciais de 5G com operadoras e embarcou mais de 70 mil estações rádio-base de 5G. Até o fim do ano, a estimativa da empresa é que chegue a 100 mil estações de quinta geração da Internet móvel.

Demissões e prejuízo aos EUA – Por outro lado, a disputa pode ter efeito contrário e perder força antes do que se espera. Caso isso aconteça, será porque o imbróglio da Huawei pode trazer problemas financeiros e eventuais demissões em massa nas empresas norte-americanas. Dos US$ 49 bilhões que a chinesa investiu ano passado na compra de insumos de informática, US$ 11 bilhões foram para firmas de semicondutores dos EUA, como Qualcomm, Intel e Micron. No passado, os EUA tiveram de recuar de decisão similar, quando a ZTE foi banida de fazer negócios com empresas norte-americanas. Uma série de demissões aconteceria dos dois lados, Trump recuou, e determinou que o bloqueio seria apenas para compras feitas por estatais dos EUA.