|Atualizado dia 21 de junho às 18h54 com novo número de participantes do projeto| Até o momento, 170 provedores de Internet de pequeno porte das cinco regiões do Brasil aderiram a uma iniciativa para encomendar estudos sobre a viabilidade técnica, regulatória e econômica de montarem um consórcio para participarem em conjunto do leilão de 5G. O projeto, batizado de “Iniciativa 5G Brasil”, segue aberto a novas adesões. A meta é chegar a 200 provedores até o fim do mês. Cada ISP contribui com uma taxa de R$ 10 mil. A verba será usada para arcar com as despesas administrativas da iniciativa e com a contratação de consultorias para a realização dos estudos, que devem ficar prontos até o fim de agosto.

“O 5G é uma oportunidade e ao mesmo tempo uma ameaça para os provedores de pequeno porte: quem não tiver essa faixa de frequência fica fora de um mercado bilionário. Mas como entrar nele? Chegamos à conclusão que a única alternativa seria reunir um grupo relevante de ISPs para fazer frente a esse projeto”, relata, em conversa com Mobile Time, Rudinei Carlos Gerhart, contratado pelos provedores para atuar como diretor-executivo da Iniciativa 5G Brasil.

Está sendo estudada a participação em todas as faixas que serão leiloadas, mas principalmente as de 3,5 GHz e de 700 MHz – esta última facilitaria a oferta de telefonia móvel pelos provedores. Uma das ideias em avaliação é que seja criada uma pessoa jurídica para o consórcio participar do leilão, montando em seguida uma rede neutra para atender aos ISPs. Estima-se que será necessária a adesão de pelo menos 200 provedores de Internet no consórcio para terem fôlego financeiro para participar do leilão.

O estudo técnico vai apontar o Capex e o Opex necessários para montar e manter essa infraestrutura. O estudo regulatório vai elucidar as questões das garantias e das obrigações previstas no edital, transformadas em valor monetário. E o estudo econômico vai analisar a viabilidade enquanto negócio e estimar o retorno sobre o investimento.

“O principal desafio é o engajamento dos provedores. O mercado é bastante individualista. Essa união (em torno do 5G) exige bastante esforço. Outro desafio é o cumprimento das exigências previstas no edital, como garantias, obrigações, e a intensidade de capital necessário”, avalia Gerhart.

Algumas associações do setor apoiam a iniciativa. “Acho importante fazer parte do movimento para financiar o estudo. Esse primeiro investimento é baixo em relação ao retorno”, comenta Alexandro Schuck, diretor de marketing da InternetSul, associação que representa provedores da região sul. 

Para debater as propostas da Iniciativa 5G Brasil foi criado um grupo no Telegram do qual fazem parte quase 1,5 mil pessoas. Foi também montado um conselho com três representantes de cada região do País.

Análise

As prestadoras de pequeno porte, ou PPPs, como são conhecidas, vêm liderando a interiorização de banda larga fixa no País, inclusive com o uso de fibra até a casa do cliente (FTTH, na sigla em inglês), especialmente em municípios pequenos e médios, onde as grandes operadoras não têm apetite para entrar. O 5G, com sua alta velocidade e baixa latência, é uma tecnologia que pode rivalizar em alguma medida com a fibra, através da oferta de serviços de banda larga fixa sem fio (FWA, na sigla em inglês). O 5G pode servir, portanto, para grandes operadoras finalmente interiorizarem a oferta de banda larga fixa, roubando mercado das PPPs. A participação destas no leilão é uma forma de atacarem, em vez de simplesmente aguardar a chegada dos concorrentes de grande porte.