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Escola Chinesa Internacional, no Rio de Janeiro

Tablets que transmitem aulas com professores que estão do outro lado do mundo. Sistema de inteligência artificial que mede a temperatura dos alunos no campus e aponta o uso de máscaras. Lousas inteligentes que estão conectadas à casa de professores e estudantes. Robôs que falam mandarim com crianças. Estes são apenas alguns exemplos das apostas em tecnologia de algumas escolas particulares brasileiras na volta às aulas em 2021.

Muito além de livros, estojos e apostilas, neste ano, a lista de material inclui, na maioria dos casos das escolas de elite no País, aplicativos, plataformas e até mesmo computadores e smartphones.

“O grupo investiu mais de R$ 1 milhão em tecnologia nas escolas em 2020 e a previsão deste ano é que este número seja mais alto”, afirmou Sonia Barreira, diretora pedagógica do Bahema, grupo que administra dez escolas particulares em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife.

Uma das escolas do grupo, a Escola da Vila, em São Paulo, já utiliza, há quatro anos, material escolar digital para alunos a partir do sexto ano do ensino fundamental. Não há mais papel, nem livros, nem apostilas. Tudo já é operado no ambiente virtual. Laptops são pedidos para todos os alunos, assim como o uso pedagógico do smartphone é liberado. “Neste ano, não houve um investimento em dispositivos móveis porque entendemos que todos os alunos das escolas do grupo, especialmente os mais velhos, já têm celular. Sugerimos a compra de diversos aplicativos, que são excelentes, como de matemática ou de simulação de experimentos, por exemplo. Muitos dos gastos das famílias com livros e apostilas vão migrar progressivamente para os aplicativos”, diz Barreira, que não descarta a importância pedagógica do material físico para crianças menores.

No Colégio Porto Seguro, em São Paulo, o computador está na lista de materiais dos alunos a partir do primeiro ano do ensino fundamental, que acolhe crianças com mais de 6 anos. Do sexto ano em diante, não há mais livros físicos, só digitais. No Colégio Santa Cruz, outra instituição tradicional paulistana, os computadores são pedidos a partir do terceiro ano.

Algumas escolas, entretanto, preferiram investir apenas na tecnologia dentro do campus e oferecem o material digital aos alunos sem que isso esteja na lista de compras das famílias. É o caso da Escola Chinesa Internacional, no Rio de Janeiro. Todos os alunos recebem um tablet que fica interligado a telas inteligentes IdeaHub, da fabricante Huawei, que permite aulas em tempo real direto de Pequim, reconhecimento de escrita e voz, entre outros recursos. Crianças a partir dos três anos já têm acesso a esta tecnologia, além de um robô que interage com elas em mandarim.

Na Avenues, escola internacional com campus em São Paulo, Nova York e Shenzhem, o investimento pesado ficou por conta do uso de inteligência artificial para leituras de temperatura corporal, além de detecção de máscaras e fluxo de pessoas.

Conectividade

Enquanto as escolas particulares apostam em tecnologia avançada, as escolas públicas brasileiras ainda brigam por conexão. Segundo pesquisa Datafolha encomendada pela Fundação Lemann, que entrevistou 1.005 professores da rede pública de todo o País entre setembro e outubro de 2020, 55% dos educadores acham que a Internet da sua escola não é adequada para continuar usando tecnologia no retorno às aulas; 29% não têm acesso à Internet na escola e só 16% acham que a velocidade é adequada. Quase 30% dos entrevistados afirmaram que não têm nenhuma conexão com Internet na unidade escolar.

Na rede pública, o principal meio de acesso às aulas online é o smartphone, ao contrário da rede particular, em que os alunos usam computadores e laptops, de acordo com a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box, de outubro de 2020, sobre o uso de smartphones por crianças.

Como a maior parte dos estudantes do Brasil frequenta escola pública (mais de 80%, segundo o IBGE), fabricantes de smartphones já se preparam para um possível aquecimento do mercado em virtude da volta às aulas. “Segundo a previsão feita pelo IDC Brasil, os smartphones que custam na faixa de até R$ 1.199 devem representar mais de 40% das vendas no primeiro trimestre de 2021, o que demonstra que os modelos que chamamos de celulares de entrada, ou seja, com valores mais baixos, devem ser os mais procurados nessa volta às aulas, uma vez que os aparelhos serão comprados para utilização na escola e para ensino remoto”, explica Gustavo Vanderlei Massette, da área de mobilidade da Positivo Tecnologia. Ele completa: “Por conta de restrições econômicas ou até mesmo pela praticidade de aliar os estudos com outras atividades no mesmo aparelho, acreditamos que a procura por smartphones aumentou”.