A FiBrasil segue avaliando ativos de infraestrutura disponíveis no mercado de fibra óptica, mas sem interesse na absorção de assinantes de banda larga, afirmou o CEO da operadora de redes neutras, André Kriger, durante o primeiro dia do Fórum de Operadoras Inovadoras, evento promovido por Mobile Time e Teletime nesta quarta-feira, 22.

“A avenida de crescimento inorgânico é muito importante para nós, até pelo nível de competitividade da fibra óptica que já existe. Estamos olhando vários ativos de infraestrutura disponíveis no mercado e avaliando quais fazem sentido a integração com a FiBrasil”, declarou Kriger.

As negociações, contudo, são guiadas por ressalvas. “A FiBrasil compra rede, não cliente. Para alguns [alvos] temos falado dele vender a infraestrutura e continuar sendo ‘clientCo’ na nossa rede. Estamos fazendo várias conversas, com esse foco na infraestrutura”.

Neste sentido, a FiBrasil também estaria buscando ajustes na precificação dos ativos negociados, uma vez que métricas como a de clientes conectados à infraestrutura (usual em M&As de provedores) não seriam aplicáveis. A sobreposição com a rede da FiBrasil é outro aspecto que tem sido considerado.

Em 2021, a operação adquiriu a Fiberty 1, antiga Phoenix Fibra. No ano passado, a empresa ainda foi linkada com uma possível compra da Vero. Segundo Kriger, a FiBrasil tem sido inclusive abordada por players com ofertas de infraestrutura de fibra – até mesmo em São Paulo, onde há decisão estratégica de não operar. “Lá tem toda a questão da reversibilidade [de bens associados à concessão da acionista Vivo no estado]. Vamos esperar uns dois anos porque ainda tem muita água para rolar nessa discussão”.

Redes replicadas

No FOI 2023, a Fibrasil reportou marca de mais de 30 contratos assinados pela empresa com provedores, incluindo aqueles na fase de pré-implementação de clientes na rede neutra FTTH. Kriger também atualizou a presença da operadora para 151 cidades, sendo 140 delas com a oferta disponível.

A avaliação da FiBrasil é de que, no atual momento do mercado de banda larga, a aposta na locação da infraestrutura neutra faria mais sentido para provedores do que a construção de novas redes de fibra. “Quem hoje está construindo cidades novas em fibra está colocando dinheiro e esforços onde não deveria”, argumentou o CEO da FiBrasil.

Segundo Kriger, hoje mesmo provedores regionais bem-sucedidos têm uma ocupação de rede entre 20% a 30%, quando não menores. “Não dá para ter várias redes com 30% de take up”, avaliou ele, ao questionar a viabilidade e sustentabilidade do modelo de replicação de infraestruturas de fibra.

Na ocasião, o executivo também reiterou a proposta neutra da empresa – que além de empresas do grupo Telefónica, também tem o fundo canadense CDPQ como acionista “de longo prazo”. No momento, a expansão de rede da FiBrasil tem sido direcionada pela demanda da Vivo; após período de carência com a operadora, as novas praças podem ser oferecidas para outros clientes. A empresa de infraestrutura também tem proposto entrada em cidades para os demais provedores da carteira, relatou Kriger.

O CEO da FiBrasil ainda avaliou a atuação da empresa em segmentos como a oferta de fibra apagada (algo que já faz para a Vivo em algumas cidades) e o atendimento de players de Wi-Fi e Internet das Coisas (IoT) – considerado um caminho de alguma forma “natural”. Apesar de configurarem oportunidades que podem ser pontualmente monetizadas, os segmentos não devem se tornar foco para a empresa, sinalizou Kriger.

Fórum das Operadoras Inovadoras

Fórum das Operadoras Inovadoras continua nesta quinta-feira, 23, no WTC, em São Paulo. Em seu segundo dia, o evento promovido por Mobile Time e Teletime contará com painéis sobre os desafios comerciais e regulatórios das MVNOs, FWA e integração de ISPs com as redes neutras. Participarão dos debates executivos de Veek, Rico Telecom, Magalu, Qualcomm, Omdia, Huawei, Intelbras, Nokia, American Tower, entre outras empresas.