O lançamento de óculos de realidade aumentada (óculos de AR) com aplicações de agentes de inteligência artificial (IA) multimodais, com transmissão frequente ou contínua de vídeo, tem potencial para sobrecarregar as redes móveis no futuro. A previsão está no novo relatório Ericsson Mobility Report, da Ericsson, publicado nesta terça-feira, 24.
Na pesquisa foi analisado o impacto sobre as redes por parte de diferentes serviços de IA generativa. A utilização de chatbots com IA generativa por texto, como ChatGPT, por exemplo, não é preocupante para as operadoras porque, embora tenha se massificado, demanda pouco tráfego de dados. No outro extremo, aplicações de edição de vídeo com IA generativa consomem muitos dados, mas são utilizadas por pouca gente, o que significa que seu impacto também pode ser absorvido pelas redes 5G atuais.
A preocupação está naqueles serviços com potencial de grande adoção e também grande necessidade de tráfego bidirecional. A Ericsson aposta em dois deles: assistentes de IA em óculos de AR e jogos imersivos com geração de conteúdo personalizado com IA generativa em tempo real.

Fonte: Ericsson Mobility Report junho de 2025 (reprodução)
Pela projeção da Ericsson, se os óculos de AR com agentes de IA integrados forem adotados por 20% da população com aplicações que usem resolução de qualidade média de 480p e 2 frames por segundo, haveria um aumento de 47% no tráfego de uplink nas redes móveis do mundo em comparação com hoje em dia. E no downlink o aumento seria de 14%. A Ericsson considerou aplicações que demandem uma velocidade média de uplink de 0,7 Mbps e de downlink de 2 Mbps. A empresa reforça que foi conservadora nessa projeção e que o impacto pode ser muito maior se as aplicações de IA generativa demandarem vídeos de alta resolução e com mais frames por segundo.

Fonte: Ericsson Mobility Report junho de 2025 (reprodução)
Mais espectro e conectividade diferenciada para óculos de AR
Para garantir a absorção desse aumento de tráfego por agentes multimodais de IA generativa, o vice-presidente de tecnologias emergentes da Ericsson, Mischa Doler, recomenda que mais espectro de banda média seja alocado para serviços móveis. O executivo prevê que esse será um debate importante durante a próxima Conferência Mundial de Radiocomunicação (WRC-27), que acontecerá em 2027. Doler participou de teleconferência com a imprensa internacional nesta terça-feira, 24.
A Ericsson também aposta que a popularização de aplicações de óculos de AR com agentes de IA vai gerar uma demanda por serviços de “conectividade diferenciada”, que consiste em garantir melhor performance da rede, seja em velocidade ou latência, através de network slicing em redes 5G Standalone e APIs do Open Gateway.
A ilustração no alto foi produzida por Mobile Time com IA