Jim Thompson, vice-presidente executivo de engenharia e CTO da Qualcomm Technologies

As primeiras redes de quinta geração (5G) de telefonia celular estão nascendo com foco principalmente em banda larga, mas a grande revolução dessa tecnologia virá nos seus próximos releases, quando uma série de novos casos de uso serão viabilizados. Aplicações industriais, redes automotivas, IA distribuída e o uso de novas faixas de frequência em ondas milimétricas até 114 GHz são algumas das novidades esperadas pela Qualcomm, que apresentou sua visão para o futuro do 5G em um workshop para jornalistas e analistas de mercado nesta terça-feira, 24, em San Diego, nos EUA.

“O release 15 foca na expansão da eMBB, com foco inicial em smartphones. Mas a nossa visão de 5G é muito mais ampla que isso. Os releases 16 e 17 trarão impactos em várias outras indústrias”, comentou Jim Thompson, vice-presidente executivo de engenharia e CTO da Qualcomm Technologies. “O 5G é a plataforma de inovação para o futuro”, resumiu.

Uma série de novas especificações do 5G permitirão um uso ainda mais eficiente do espectro. Uma das tendências é o compartilhamento dinâmico do espectro (ou DSS, na sigla em inglês), que, na prática, permitirá o uso do 5G em todas as frequências dedicadas ao serviço móvel, incluindo aquelas hoje utilizadas por redes 2G, 3G e 4G, sem precisar desligar a infraestrutura legada e facilitando a migração para um arquitetura de 5G stand-alone. Também já está sendo pesquisada a adição de frequências entre 71 GHz e 114 GHz, que viabilizarão velocidades ainda maiores, e a utilização de espectro não licenciado para o 5G.

Outras prioridades para os próximos releases serão o consumo mais eficiente de energia; a possibilidade de localização mais precisa em ambientes fechados e abertos por meio de diferentes técnicas de análise dos sinais das redes; e o processamento de aplicações de inteligência artificial na borda das redes, em uma arquitetura de IA distribuída.

“O espectro é o principal ativo do 5G. Usá-lo de forma mais eficiente é muito valioso. Este é o nosso KPI”, comparou John Smee, vice-presidente de engenharia e de pesquisa e desenvolvimento em 5G da Qualcomm Technologies.

Novas verticais

Para realizar testes com as novas especificações antes mesmo de serem incorporadas aos futuros releases do 3GPP e para demonstrar as futuras aplicações de 5G em diversas verticais, a Qualcomm montou um galpão próximo à sua sede, em San Diego.

Redes para Internet das Coisas (IoT) dentro de fábricas são uma das apostas da Qualcomm para o futuro do 5G. No referido galpão, a companhia apresentou como a construção de uma rede privada de 5G pode substituir cabos e conferir maior flexibilidade para as máquinas de uma planta industrial. Neste caso, é adotado o conceito de URLLC (ultra-reliable low latency communications), em que a disponibilidade é de 99,9999% e a latência, abaixo de 1 ms. Trata-se de requisitos demandados em ambientes industriais.

Outra vertical que será beneficiada pelo 5G é a do trânsito. A Qualcomm aposta no surgimento de redes independentes conectando veículos, infraestrutura de trânsito (sinais, placas etc) e pedestres (com seus smartphones), usando o conceito C-V2X.

A expectativa do 3GPP é que o release 16 comece a ser comercializado em meados de 2020 e o release 17, em 2022.

Galpão para demonstrações e testes em 5G da Qualcomm, em San Diego