A gerente geral da IBM no Brasil, Katia Vaskys, atacou as empresas não participantes do modelo de rede aberta (OpenRAN). Leia-se Huawei, neste caso, uma vez que o fornecedor de redes não aderiu ao conceito de RAN aberto. Sem citar o nome da rival, a executiva defendeu o OpenRAN e fez a crítica velada aos competidores fechados durante sua participação no painel de 5G do Ciab Febraban nesta sexta-feira, 25.

“Não temos mais espaço para tecnologias fechadas e que impedem a integração de componentes, software e hardware de diversos fornecedores. Os sistemas fechados impedem a conectividade e a inovação. Quando vemos o presente e o futuro (das tecnologias), isso estará baseado em ecossistema. Dentro da IBM, nós apoiamos os padrões abertos, o que a gente chama de OpenRAN”, disse Vaskys.

A executiva afirmou em sua fala que a IBM tem realizado avanços para “clicar essa tecnologia” e “permitir a construção de modelos únicos”. Vaskys disse ainda que as tecnologias abertas “são fundamentais para sucesso atual e do futuro”, e comparou os avanços tecnológicos de plataformas abertas com a evolução da Internet.

“O IDC estima que o 5G pode trazer US$ 20 bilhões em novas oportunidades de negócios até 2024 (entre empresas brasileiras). Mas a grande beleza do 5G é a construção de plataformas de negócios que permitam explorar todo um ecossistema de parceiros. Para garantirmos realmente um futuro inovador e transformador, o impacto positivo do 5G será pela exploração de todo o potencial tecnológico”, afirmou a gerente geral da IBM.

“Isso só será possível através do uso de interfaces abertas e soluções baseadas em computação em nuvem e orientadas por um código aberto. Quanto mais permitirmos aos mais variados provedores uma competição igual, mais vamos conseguir oferecer soluções mais inovadoras, seguras e econômicas”, completou.

Entenda

Atualmente, o OpenRAN é uma das alternativas apresentadas pelo governo dos Estados Unidos a fornecedores tradicionais no 5G em relação aos fornecedores chineses, como a Huawei. Em contrapartida, a Huawei se posicionou e disse que a tecnologia do OpenRAN é uma questão técnica e não política. Também afirmou que por mais que tenha o nome “aberto”, é um sistema fechado e desagregado.

IBM x Huawei

Esta não é a primeira vez que acontece embate ou comentários conflituosos entre IBM e Huawei sobre OpenRAN. No Futurecom Digital Week de 2020, as empresas participaram de um painel com o CEO da Huawei no Brasil dizendo que o Single RAN (rede com um único provedor) é menos custosa e mais confiável que o OpenRAN, além de afirmar que essa tecnologia ainda não está padronizada pelo 3GPP.

Por sua vez,  Marisol Penante, vice-presidente para a América Latina em serviço de comunicação na IBM Services, disse que a tecnologia em cloud e padrões abertos são um capacitador das empresas do ecossistema para ampliar sua rede e fazer o onboarding dos fornecedores.

Posição brasileira

Em 2020, o governo brasileiro assinou com os EUA acordo de linha de financiamento que envolve investimentos em telecom, desde que não envolva a Huawei. E na recente visita da comitiva brasileira do 5G aos EUA, que foi encabeçada pelo ministro das comunicações, Fabio Faria (PSD-RN), e pelo filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), o OpenRAN foi um dos tópicos da reunião com membros do Departamento de Segurança Interna daquele país.  No encontro, os dois países afirmaram que as redes abertas devem ser estimuladas e que, por isso, podem trazer mais segurança ao ambiente cibernético.