A Voll (Android, iOS) apresentou nesta quinta-feira, 25, o seu marketplace de agentes com inteligência artificial. Batizado como Voll Smart Hub, a solução possui três agentes e tem como objetivo facilitar o trabalho de equipes de gestão de viagens corporativas nas empresas.
Inicialmente como uma aba dentro do sistema para gestores, a área começa com três agentes, são eles:
- AirSave – um agente que monitora os valores de passagens e garante que os viajantes escolham a melhor tarifa de passagem aérea, detectando quedas de preços, monitorando automaticamente reembolsos, créditos e maximizando a economia da empresa em viagens;
- RatesAudit – um agente especializado em monitoramento contínuo de tarefas hoteleiras, inclusive com auditoria do diretório de hotéis parceiros de uma empresa, interagindo com cada hotel para que atualizem a tarifa. O robô entra em contato com os gestores comerciais do hotel e pede um prazo para explicar por que a tarifa não está regularizada. Se o hotel não responder, ele envolverá os gestores para reavaliar o contrato;
- ExpenseAudit – um agente para acompanhar o processo de prestação de contas de funcionários. Por meio de inteligência artificial e reconhecimento de imagem (OCR), o robô identifica anomalias em recibos e pagamentos e conversa com viajantes para justificarem um documento anormal. Depois que a IA fica satisfeita, aprova o pagamento ou manda para o gestor avaliar.
Feito por meio do construtor de bots n8n, os agentes foram feitos entre junho e julho deste ano e usados por alguns clientes e pela própria Voll antes do lançamento público neste mês de setembro. A contratação do serviço é feita dentro da plataforma, após o cliente autorizar (opt-in) para captura dos dados, porém, com sigilo e anonimização. A cobrança é feita por meio de fee em complemento ao contrato que possui com a plataforma.
Durante o Primeira Classe, evento da traveltech para gestores de viagens corporativas nesta quinta-feira, Fran Souza, gerente de produtos da Voll, trouxe resultados práticos durante as provas, como:
- Com o RatesAudit, um cliente rodou uma avaliação com um diretório de 378 hotéis: 45 deles não estavam carregados (11% do diretório) com tarifas atualizadas, e 18 atualizaram com a IA falando diretamente com o hotel. Em economia, R$ 2,3 mil é o valor que esta empresa pagaria a mais por noite nas tarifas se o agente não tivesse agido.
- O ExpenseAudit foi usado pela própria Voll e analisou R$ 286,5 mil em anomalias em comprovantes. Desse montante, 229 conversas foram trocadas com usuários, e 70% delas foram respondidas, o que trouxe uma economia de 5 horas para a equipe.
Em conversa com Mobile Time, Souza explicou que embora tenham começado com três agentes de IA, a ideia é complementar a oferta com mais robôs a partir da demanda e das necessidades dos gestores de viagem corporativa.
“Vamos trazer um cliente, criar juntos, disponibilizar para ele primeiro (os agentes) e aí expandimos para os demais”, disse a executiva. “Queremos atacar em todas as frentes (de viagens corporativas) e aí depois, sim, nós poderemos incrementar um agente com o outro (conversando)”, complementou.
IA em viagens corporativas

Luiz Moura, cofundador VOLL (Crédito Camilly Vairo)
A gerente de produtos explicou que o uso da IA em viagens corporativas traz oportunidades, uma vez que a tecnologia sabe achar onde encontrar informações com mais facilidade e rapidez a partir dos dados.
“Isso traz redução de custos, riscos, controle em tempo real e operação mais eficiente”, afirmou Souza para uma plateia com 100 gestores de viagens de grandes corporações nacionais. “Hoje (o gestor) não precisa mais conhecer fórmulas de Excel. Conhecer IA passa a ser necessário”, completou.
Essa mudança no setor de viagens acontece em um momento que ainda há muitas funcionalidades analógicas nas empresas, como relatou Luis Moura, cofundador e diretor de negócios da Voll, com base em um levantamento qualitativo feito com 135 gestores de viagens de grandes empresas brasileiras via WhatsApp e e-mail.
“A gestão de viagens corporativas enfrenta um paradoxo. Ao mesmo tempo que os líderes são cobrados por inovação e automação (inteligência aplicada, análise preditiva, fluxos integrados), os processos ainda são manuais. Sistemas, dados e plataformas engessadas são gargalos. O papel da gestão de viagens não é só processar pedidos (para isso tem agência de viagens), mas aprimorar o papel na tomada de decisão”, detalhou Moura.
Realidade

Lorena Galvão, gestora de viagens Andrade Gutierrez (Crédito Camilly Vairo)
“Essa realidade mostra que a eficiência não depende apenas da tecnologia, mas da cultura. Ao mesmo tempo, o valor do atendimento se fortalece. Unir tecnologia confiável, processos e uma governança colaborativa será o próximo grande passo para transformar a dor recorrente em valor percebido”, completou o diretor.
Para Lorena Galvão, gestora de viagens da Andrade Gutierrez, o gestor de viagens pode usar a IA para parametrizar dados. Com mais de 8 mil usuários da construtora em sua base, a executiva crê que a IA vem para complementar, não para substituir os profissionais.
“O contato e a gestão de crise a gente (gestores de viagens) não vai perder. Mas no operacional podemos ganhar, como usar um robô para responder no Teams”, afirmou. “Mas temos que usar com consciência, responsabilidade e cuidado”, completou.
Imagem principal: Fran Souza, gerente de produto na Voll (crédito: Camilly Vairo)