De acordo com o MIT Technology Review, existem no mundo, até o momento, 49 países que disponibilizam para sua população aplicativos para rastreamento de contatos com o objetivo de conter o avanço do novo coronavírus. Alguns são leves e temporários, enquanto outros são difundidos e invasivos. O sistema da China, por exemplo, captura dados, incluindo identidade dos cidadãos, localização e até histórico de pagamentos on-line, para que a polícia local possa vigiar aqueles que violam as regras de quarentena. Apesar dos diferentes serviços, pouco se sabe a respeito dessas aplicações. Para entender melhor e analisar as consequências na sociedade, o MIT Technology Review vai reunir todas as informações em um único banco de dados. O Covid Tracing Tracker tem como meta capturar detalhes de todos os esforços significativos de rastreamento automatizado de contatos em todo o mundo.

Especialistas ajudam a entender o que é preciso ser examinado, pesquisas são feitas em documentos dos governos e em reportagens que saem na imprensa, além de serem feitas entrevistas com os próprios desenvolvedores dos aplicativos para entender as tecnologias e as políticas envolvidas.

Entenda

Para cada aplicativo, os pesquisadores do MIT elaboram uma série de perguntas para entender sua função e suas consequências para aquela sociedade. Para capturar uma série de informações básicas e mais complexas, e guiadas pelos princípios apresentados pela American Civil Liberties Union e outros, o MIT faz cinco perguntas:

– É voluntário? Em alguns casos, os aplicativos são aceitos, mas em outros lugares muitos ou todos os cidadãos são obrigados a fazer o download e usá-los.

– Existem limitações sobre como os dados são usados? Às vezes, os dados podem ser usados para outros fins que não a saúde pública, como a aplicação da lei – e que podem durar mais que a Covid-19.

– Os dados serão destruídos após um período de tempo? Os dados coletados pelos aplicativos não devem durar para sempre. Se forem excluídos automaticamente em um período de tempo razoável (geralmente no máximo 30 dias) ou se o aplicativo permitir que os usuários excluam manualmente seus próprios dados, é atribuída uma estrela.

– A coleta de dados é minimizada? O aplicativo coleta apenas as informações necessárias para fazer o que diz?

– É transparente? A transparência pode assumir a forma de políticas e design claros e publicamente disponíveis, com uma base de código aberto.

Para cada pergunta que o MIT pode responder com um sim é atribuída uma estrela para o app. Se não for possível responder sim, seja porque a resposta é negativa ou porque é desconhecida, a classificação é deixada em branco. Há também um campo para anotações que podem ajudar contextualizar a ferramenta.

Falhas

Os aplicativos de rastreamento de contato estão longe de ser uma unanimidade. Há pontos fracos que acabam deixando a solução falha na privacidade, por exemplo, ou porque simplesmente uma ferramenta não conversa com outra. Cada país faz o seu próprio e não há um banco de dados único, ou seja, eles são incompatíveis. Caso um alemão saia de Paris, chegue a Colônia e teste positivo para o vírus já na Alemanha, nenhum aviso será enviado pelo sistema francês de rastreamento para os contatos com os quais o viajante cruzou na capital francesa.

Segundo o site Statista, apesar de preocupações, especialistas afirmam que os aplicativos podem realmente ser essenciais para melhorar o rastreamento de contatos e identificar as cadeias de infecção. A tecnologia tem pontos fracos, além da privacidade, e o mais notável é que um aplicativo precise de uma grande base de usuários. Na Alemanha, ao que parece, o Corona-Warn App foi um aliado para controlar a doença. No início, foi declarado que 60% da população precisava instalar o aplicativo, mas esse número foi posteriormente descartado pelo ministro da Saúde, Jens Spahn, que disse que ficaria satisfeito se alguns milhões de usuários o fizessem. Até agora, 14 milhões de alemães instalaram o aplicativo e a situação do coronavírus no país permanece amplamente sob controle, com alguns surtos localizados contidos nas últimas semanas.

Nos EUA

Os aplicativos de rastreamento não estão surtindo efeito nos Estados Unidos. Cada estado desenvolveu o seu próprio e um não se comunica com o outro. O fato de não ter um único app nacional para identificar cadeias de infecção e rastrear contatos deixou o mapa dos EUA uma colcha de retalhos, como mostra o site Statista.

Os estados têm a escolha de usar a API desenvolvida a partir da parceria entre Apple e Google e incorporá-la em suas soluções ou apenas desenvolver a sua própria.

O esforço foi anunciado pelas duas empresas no dia 10 de abril e, de acordo com uma pesquisa do site 9to5Mac, apenas quatro estados dos EUA disseram participar do programa em 13 de julho. Naquela data, nenhum estado havia lançado com sucesso um aplicativo de rastreamento de contatos e 17 disseram que não participariam enquanto o restante não respondeu.

Os quatro estados que responderam estar usando a solução de Apple e Google são: Alabama, Carolina do Sul, Dakota do Norte e Virgínia.