Edlayne Altheman Burr, head de estratégia e consultoria de pagamentos em mercados emergentes Accenture (divulgação: Abecs)

As mudanças na oferta de serviços pagamentos com novas formas de pagar, como pagamentos instantâneos e carteiras, trazem riscos e oportunidades para essa indústria, disse Edlayne Altheman Burr, head de estratégia e consultoria de pagamentos em mercados emergentes da Accenture.

Durante sua passagem no CMEP 2023, nesta terça-feira, 28, a executiva explicou que a atual conjuntura, com receios na macroeconomia, é um momento para a indústria de pagamentos se aproximar do consumidor com estratégias para “continuar crescendo” e sendo relevante: “Temos uma turbulência econômica global, inflação alta, taxa de juros alta, o que faz com que os consumidores fiquem mais controlados e tenham métodos de pagamento com mais controle e mais baratos. Agora é a hora da indústria agir”, disse Burr.

A executiva explicou que estamos em uma época em que o consumidor busca por soluções instantâneas, invisíveis e livres (IIFs) e que a adoção dessas tecnologias pode trazer perdas de receita tradicional de pagamento, em especial em países emergentes como Brasil, China e Índia, que migram rapidamente para soluções como carteiras e pagamentos instantâneos.

Como exemplo, Burr citou dados de uma pesquisa recente da Accenture que 80% dos brasileiros esperam por pagamentos com menos barreiras e mais aceitação, e, 65% esperam que todas as formas de pagamento sejam em tempo real até 2025.

Oportunidades

Leonardo Linares, VP de produtos e soluções na Mastercard (divulgação: Abecs)

Por outro lado, a executiva da Accenture vê espaços e oportunidades para a indústria tradicional de pagamentos, como a substituição do dinheiro físico por formas de pagamento digitais. Para Leonardo Linares, vice-presidente sênior de produtos e soluções da Mastercard, o setor tem evoluído década a década, das máquinas ‘reco reco’ de carbono, tarjeta em cartão, chips e, mais recentemente, contactless, tokenização e pagamento in-app.

Mas na visão do profissional da Mastercard, a chave é trazer mais conveniência à segurança no pagamento, como a autenticação silenciosa. Linares diz ainda que há três pilares que precisam ser trabalhados em segurança para o setor avançar:

  • Tecnologia em forma de estrutura, com plataformas e protocolos;
  • Inteligência de dados, cada vez mais associada a pagamentos para permitir experiência sem fricção;
  • E regras isonômicas para que todos os membros do ecossistema estejam confortáveis para fazer as transações.

‘Digital-only’

Diretor executivo da Visa Consulting & Analytics, Oscar Pettezzoni (divulgação: Abecs)

Por sua vez, Oscar Pettezzoni, diretor executivo da Visa Consulting & Analytics, acredita que é uma questão de entregar experiências mais próximas àquelas que a população espera. Em sua visão, o cliente não é mais digital-first, mas digital-only. Ou seja, o cliente não opta pelo pagamento digital primeiro, ele só quer o pagamento digital, e isso não tem mais barreira de idade.

O executivo da bandeira deu como exemplo o fato de que 7 em 10 transações de cartões que passam pela Visa são via canais digitais. Das experiências que Pettezzoni imagina que o setor deve entregar estão o pagamento invisível, em tempo real, com poucos cliques, além de tratar o cliente com exclusividade e o colocando no centro das relações.