O atual marco regulatório das empresas de telefonia possui mais de 15 anos e está defasado. Esse foi o clamor de executivos de telecomunicações nesta quarta-feira, 27, durante a Futurecom, em São Paulo. Durante um painel sobre a importância do marco regulatório na América Latina, representantes das empresas de telefonia e de redes aproveitaram para criticar os aplicativos over-the-top (OTTs) e pediram a sua regulação.

“O que precisa se estabelecer são regras que tornem a competição saudável. Precisamos abrir um novo capítulo, sobre competição das operadoras e dos apps”, disse Carlos Eduardo Monteiro de Moraes Medeiros, diretor de Governo Federal da Oi.

Por outro lado, o diretor-presidente da Abranet, Eduardo Fumes Parajo, atenta que o setor passa por um momento de disruptura do modelo de negócios e que a Internet vende mais serviços que as operadoras. “As teles precisam tirar essa ‘bata’ e tornarem-se empresas de Internet. O que não podemos fazer é criar uma regulação à Internet que vai trazer problemas no futuro”, explicitou Parajo. “Nós precisamos atualizar a regulação para ter mais empresas no mercado (pequenas e médias) e mais rede. Não adianta jogar a conta para o outro lado”.

Outro defensor da mudança, o vice-presidente de assuntos regulatórios da TIM Brasil, Mario Girasole, acredita que a disputa não pode tornar-ser entre operadoras e OTTs. Ele comparou a atual relação entre os setores de tecnologia e telecomunicação como as ações de taxistas contra o Uber. “Nós tratamos de duas maneiras os OTTs: legal e ilegal. Isso pode ser mudado de um dia para o outro. Outra dicotomia é o igual versus diferente. Esses erros nossos são similares ao debate táxi x Uber”, afirmou o executivo. “Não somos o táxi e eles o Uber, estamos mais para a estrada. Se entrarmos nesse debate não vamos sair nunca”.

“Precisamos entender as premissas: sem rede não tem operadora, não tem cliente e não tem nem OTT”, completou Girasole, ao pedir a abertura de diálogo entre OTTs e operadora, além de recordar que nem todas as OTTs estão afetando os negócios das operadoras.