Em 1979 a BM era uma distribuidora de bebidas da Brahma. Hoje, com o nome de RV Digital, é uma das maiores revendedoras de SIMcards e recarga de pré-pagos para as operadoras móveis brasileiras. Todo mês ela consegue 1,2 milhão de novos assinantes para as teles e vende R$ 350 milhões em recargas. Seu portfólio inclui também gift cards de serviços digitais, como Uber e iFood, e em breve vai se tornar uma rede de adquirência. Seu faturamento anual é de R$ 6 bilhões. Mas como uma distribuidora de bebidas virou uma gigante de recargas? Mobile Time conversou com seu fundador e CEO, Valmor Bosi, para entender a história.

Os rumos da antiga BM começaram a mudar em 2001, quando foi procurada pela operadora paulista BCP para ajudar na distribuição de recargas de pré-pagos, aproveitando sua proximidade com os pequenos mercados aos quais distribuía bebidas. Era o começo da telefonia pré-paga no Brasil e as recargas eram vendidas em cartões físicos, com códigos que precisavam ser raspados. Paralelamente, a Brahma vinha adotando uma estratégia de verticalização de sua operação desde que fora comprada pelo Grupo Garantia, em 1989, o que empurrava seus parceiros, como a BM, a buscar novos negócios.

Com o rápido crescimento da base de linhas pré-pagas no Brasil, a venda de recargas superou a de bebidas em receita na BM em 2006, apenas cinco anos após sua entrada nesse setor. Dois anos depois, em 2008, adquiriu uma empresa espanhola que tinha uma solução de recarga digital e acabou trocando de nome para RV Digital. E em 2010 abandonou completamente o negócio de distribuição de bebidas.

Hoje, a RV Digital vende SIMcards e recargas para Claro, Vivo, TIM e operadoras regionais, como Algar. “Meu maior valor está na captura de novos clientes para as teles”, avalia Bosi.

Nos últimos anos ela vem avançando sua atuação em canais digitais. Além de vender recargas através de máquinas de POS e softwares de frente de caixa, passou a integrar sua solução também dentro de aplicativos diversos, como PicPay, C6, Sicredi e Sicoob, além do seu próprio aplicativo, o RV Point, que conta com um marketplace online.

Em 2015, 90% da receita da RV Digital vinha de canais físicos e 10%, do digital. Agora é meio a meio, informa o executivo.

Serviços financeiros

Um dos principais ativos da RV Digital é o seu relacionamento com 130 mil estabelecimentos comerciais espalhados por 4 mil cidades de 27 estados do País. A maioria são supermercados, mercearias e farmácias. 

Os estabelecimentos repassam o valor das vendas semanalmente para a RV Digital. “A inadimplência é baixa”, garante Bosi. Como conhece bem os seus parceiros, a companhia agora planeja desenvolver serviços financeiros para eles. Em breve vai virar uma rede de adquirência voltada para esses pequenos varejistas e oferecerá crédito rotativo. 

IPO

Há poucos anos a RV Digital quase abriu capital, mas acabou desistindo porque sentiu que não era mais um bom momento para isso no mercado brasileiro. Contudo, não abandonou o prpjeto. “Quando uma janela se abrir, podemos retomar essa ideia. Estamos com tudo pronto, devidamente auditados e seguindo todos os requisitos de governança de uma empresa de capital aberto”, afirma Bosi.

Para este ano de 2023, a expectativa do executivo é de que o faturamento da RV Digital fique um pouco acima de R$ 6,2 bilhões.