Paulo Silveira, sócio-fundador da Alura e Caelum

A edtech Alura (Android, iOS) pretende levar o seu modelo de ensino digital para o ensino superior com a criação de uma faculdade em formato digital, similar às startups de tecnologia. Com 50 mil alunos em sua plataforma de ensino sob demanda, sendo que 26% deles acessaram as aulas por dispositivos móveis no mês de maio, a companhia do grupo Caelum Alura busca aprovação do Ministério da Educação (MEC) antes de disponibilizar o produto.

“Estamos buscando aprovação junto ao MEC para lançar algo mais focado em educação superior (pós-graduação)”, diz Paulo Silveira, sócio-fundador da Alura e Caelum. “O objetivo é ser uma faculdade. Queremos lançar um modelo de aulas com um bimestre/semestre, mas como uma startup. É algo avançado. Fizemos (Caelum) aulas e conteúdos síncronos junto com a Alura”.

Com cursos de 10 a 12 semanas de duração, Silveira explicou que esta linha de negócios será focada em pessoas que trabalham na área de tecnologia. Para este formato haverá “um projeto alvo” que terá entrega de trabalho de conclusão de curso (TCC), além de espaço para tirar dúvidas: “Pretendemos fazer separado (da Alura). É um projeto bem diferente, com cara de pós-graduação”, completa o executivo, em conversa recente com Mobile Time.

Vale dizer que um dos professores de cursos da Alura é o pesquisador e biólogo Atila Iamarino.

Educação e a crise

Outro tema abordado por Silveira foi o desenvolvimento da Alura durante a crise do novo coronavírus. Antes da pandemia, em fevereiro, a vertical digital crescia 60% no B2C na comparação ano a ano; após a efetivação do distanciamento social, a Alura passou a registrar taxas de 100%. Sem compartilhar números do B2B, o executivo afirma que a aderência aos cursos digitais pelas grandes empresas aumentou, mas diminuiu nas pequenas empresas, em decorrência dos problemas econômicos.

Dos cursos mais procurados em B2C, Silveira destaca back end clássico, Java e C+ e desenvolvimento de sites e apps (iOS, Android e web app). No B2B, a busca é por métodos agile (Kaban e Scrum), além de Python e Excel. E a categoria que mais cresce é o combinado de cursos de ciência de dados, que atrai profissionais de fora da área de tecnologia.

Atualmente, o modelo de negócios da plataforma de educação é baseado em assinatura anual com acesso a grande parte dos 1,2 mil cursos que a Alura possui em seu portfólio. No B2C, o plano começa em mensais de R$ 75; no B2B, é R$ 100 por mês para cada colaborador.

Operação

Sede da Alura, antes da crise pandêmica

O fundador do grupo revelou que o app em seu começo era focado apenas para funções web, mas as novas gerações usam o celular para programar. Além disso, o handset permite às pessoas – que vão e voltam do trabalho – ouvir a aula e depois realizar a prática em casa no PC.

Além da Alura, a companhia possui outros apps e verticais de negócios no mobile, como: o MusicDot (Android, iOS), de ensino musical; Alura Línguas (Android), de cursos de inglês de espanhol; e Alura Start (Android, iOS), sobre animação, games e programação, voltado para crianças.

Atração de clientes

A Alura utiliza uma estratégia de divulgação um pouco diferente das outras edtechs: explora sua marca em podcasts. Atualmente, a companhia patrocina 14 podcasts, como Jovem Nerd, Like a Boss e Bola Presa, além de possuir o seu canal de áudio: Hipster Tech.

Desses canais, Silveira disse que poucos dão retorno em novos clientes, mas explicou que o trabalho com os podcasts é focado mais em educar e apresentar as plataformas aos ouvintes: “Para alguns podcasts, há retorno positivo direto. Outros, não. Educação é uma coisa que não pode forçar. Se a pessoa não está no momento certo, não adianta fazer. Nós precisamos de marketing em longo prazo. Mas é óbvio que temos métricas. Apoiamos uns 14 podcasts, sendo três grandes”, explica.