Netflix

Netflix no celular: empresa aposta em assinatura somente para smartphones mais em conta em países asiáticos (divulgação: Netflix)

A análise de aplicativo desta semana avalia um app amplamente consumido no Carnaval, a Netflix (Android, iOS). Como esta plataforma está desde 2011 na vida dos brasileiros e no mobile desde 2010 – sendo que o app para iPhone foi lançado quase com um ano de diferença da versão para Android – vamos revisitar e entender a sua evolução.

Nós sempre ouvimos que a Netflix é o melhor app de streaming, tem a melhor tecnologia, o melhor catálogo. Os mais simplórios avançam em frases prontas como ‘conteúdo é rei’ ou ‘tecnologia matadora’. Não estão errados, mas também há um pouco de exagero.

Podemos entender o que virou a Netflix – que fechou 2023 com US$ 33 bilhões de receita, US$ 5,5 bilhões de lucro e 45 milhões de assinantes – em quatro partes:

  1. UX – Acho que o primeiro ponto é que a experiência do app Netflix para Smart TVs avançou muito mais que em mobile. É mais fluído e menos poluído. Lógico, a tela grande é uma grande vantagem para espalhar mais os ícones, funções e deixar mais espaçados os cartazes de filmes e as categorias. Mas poderia ter um trabalho similar no mobile para melhorar a usabilidade;
  2. Modelo de negócios – No passado era basicamente só um plano, mas com o tempo a empresa precisou se adaptar. O passo mais notório foi a criação de um formato com publicidade, eu passei a assinar esse modelo e não tenho reclamações. As propagandas entram em pontos específicos do vídeo, são poucas e não incomoda de maneira alguma – algo que outras plataformas poderiam aprender a gerenciar melhor.
  3. Conteúdo – Aqui, não basta falar que conteúdo é rei ou que a bola do jogo é oferecer catálogo vasto. O real aprendizado aqui é o jogo da dosimetria entre conteúdo próprio e licenciamento. Basta ver que esse investimento foi basicamente dividido em 50% para cada, US$ 7 bilhões para cada. É uma estratégia que, em um momento uma empresa é rival, mas em outro momento é parceria. Exemplos disso são vários e estão entre os mais assistidos, como as séries ‘Yellowstone’ do Paramount e ‘Band of Brothers’ da Warner. Mas essa é uma disputa de longo prazo que a Netflix começou a jogar na virada dos DVDs e BluRays para o streaming, sendo deles o primeiro com a Relativity Media, em 2010.
  4. Simplicidade –  Podem dizer que o app avançou na tecnologia, colocou mais camadas, CDN, inteligência artificial para melhorar a sugestão de filmes e séries, colocou jogos (que mereceria um capítulo extra, mas deve ser observado com o avanço do DMA – quem sabe um marketplace próprio de jogos, filmes e séries na Europa), mas o app segue simples.

Se pegarmos quando o app para Android foi lançado, em 2011, e como está hoje, a estrutura é a mesma, uma tela principal com quatro ícones:

20112023
InícioInício
GênerosJogos
BuscaNovidades
Acesso rápidoMinha Netflix

A única mudança visual é que a navegação para escolha de filme mudou da vertical para horizontal, uma vez que a quantidade de gêneros cresceu assombrosamente. E a busca foi para a parte superior direita da tela com apenas uma lupa a simbolizando.

Em resumo, a Netflix tem quase 13 anos de vantagem contra outros grandes streamings, como Disney+, HBO Max (futuro Max), Prime Video, Globoplay, Apple TV+ e Paramount+. Mas não significa que é o melhor. Streaming (ou qualquer produto/serviço) é a regra do vinho que aprendi e adaptei dos vinicultores: “vinho bom é aquele que você gosta” (e que cabe no seu bolso).

Obs.: Tenho muita curiosidade para saber quem pagou pelo serviço de DVD que rendeu um bom montante à Netflix em 2023, US$ 82 milhões em 2023, ainda que em queda de 43% contra R$ 182 milhões de 2022. Detalhe que o serviço deixou de existir em setembro de 2023.