Primephonic

 

Insisto bastante com aplicativos de música clássica nesta coluna de dicas. Não é simplesmente por gostar do gênero, mas porque são bons exemplos de como podem ser simples ou bem sofisticados na experiência do usuário. É o caso do streaming de áudio Primephonic (Android, iOS) totalmente dedicado à música de concerto. Ao ler esta coluna, entendo que muitos dos internautas podem questionar: “Outro streaming de música? E apenas de música clássica?”.

Poderia falar das mais de 200 mil gravações que o app tem, mas o seu diferencial são as funções, com opções que não existem em outros serviços do gênero. Um exemplo é o encarte digital dos CDs, algo apenas do ambiente físico e que foi esquecido no digital. Independentemente do gênero, o retorno dos booklets é interessante para estreitar o relacionamento do artista com o fã, além de ser algo mais profundo que uma biografia resumida do autor.

Outro diferencial do Primephonic é a opção de alterar a qualidade de música. Com os serviços caminhando para faixas com tecnologia Hi-Res áudio ou Lossless áudio, este aplicativo dá a opção para o usuário escolher a qualidade direto da descrição do álbum. Ou seja, o usuário pode baixar um álbum com qualidade mediana e outro em alta capacidade de produção, de modo a controlar o armazenamento em seu smartphone. Também é possível definir a qualidade do áudio ao baixar um álbum via Wi-Fi ou rede celular – para não gastar muito a franquia do usuário.

As gravações em alta qualidade são demonstradas com o símbolo ‘Hi-Res Audio’ e os encartes aparecem como “Booklet available”.

O player de música e a disposição das faixas em álbum são mais robustos, ou seja, o app entrega realmente um “conteúdo rico”. Por exemplo, um álbum pode ser separado em mais de um compositor ou obra, além de poder ter podcasts ligados à obra ou artista. E o player que executa as músicas, quando aberto no formato completo, mostra: nome da faixa, qualidade do áudio, artistas, locais, ano de gravação, produtor, gravadora e até equipe técnica.

Inteligência artificial

A recomendação de álbuns é feita diariamente e baseada em especialista musicais, o app não utiliza inteligência artificial. Entendo que a IA ajuda em muitos casos de uso macro, como agrupar comunidades de usuários, selecionar os artistas mais ouvidos. Mas ao falarmos de gêneros específicos, como a música clássica ou blues, a tecnologia em questão ainda não é muito apurada.

Poderia escrever um livro todo sobre esse tema e explicar porque uma IA – por mais avançada que seja – nunca substituirá a criatividade de um músico, jornalista, advogado ou engenheiro, a partir de um ouvinte apreciador de um gênero. Mas, em resumo, isso acontece na música porque a IA não foi treinada o suficiente para saber os limites entre os ritmos.

Imaginem que os algoritmos atuais associam por nome do artista, gravações anteriores, parceiros e gostos dos ouvintes. Dito isso, a IA consegue distinguir que um artista de jazz gravou um CD de blues? Por outro lado, um ouvinte daquele gênero, sim, pois suas associações e conhecimento são mais robustos. Inclusive com história, memória sensitiva, afetividade e conhecimento auditivo prévio.

Contra e preço

Pesa contra o fato de que o aplicativo está totalmente em inglês, não há oportunidade de conhecer a comunidade de ouvintes ou saber o que pessoas do mesmo gosto que o seu apreciam. Também não há plano gratuito do app baseado em publicidade, apenas um período de degustação por 15 dias.

Mas o seu preço não é caro e nem está longe da realidade de outros streamings. Por meio das lojas de aplicativos, a assinatura mensal premium sai por R$ 15, sem qualidade de áudio Lossless, mas com opção de MP3 mais robusto (320 kbps). No plano platinum, a mensalidade do Primephonic sai por R$ 23 com qualidade Lossless de 24 bit.