Daniel Deivisson, CEO da Benext: “As marcas estão vendo cada vez mais o voice app como um novo ativo digital, assim como veem o website, o app móvel e as redes sociais”

A startup brasileira Benext quer ser um player global no mercado de voice apps, como são chamadas as aplicações feitas para assistentes de voz, conhecidas como “skills” na Alexa e “actions” no Google Assistente. A empresa está desenvolvendo uma plataforma que vai reunir os serviços de analytics, desenvolvimento ‘codeless’, gerenciamento de publicidade e gerenciamento de voice commerce. Batizada de Bevoice, a plataforma estará acessível pela web em três idiomas (inglês, espanhol e português) e será cobrada como serviço. 

Vale destacar que a Benext já atua há vários anos como produtora de voice apps para grandes marcas, como Colgate, Ambev e Supegasbras. Desenvolveu mais de 20 skills para Alexa e actions para o Google Assistente. Recentemente, criou uma spin-off chamada VUX, cujo foco são voice games. “Somos uma produtora ‘voice first’. Não fazemos nada além de voz. Nosso negócio é totalmente focado em voz”, descreve Daniel Deivisson, fundador e CEO da Benext, em conversa Mobile Time.

Agora, a Benext entra em uma nova fase, com o desenvolvimento de uma plataforma para que terceiros possam construir e monitorar o desempenho de voice apps. Essa decisão estratégica se deve ao fato de a empresa vislumbrar um boom desse mercado.

“As marcas estão vendo cada vez mais o voice app como um novo ativo digital, assim como veem o website, o app móvel e as redes sociais. É onde a marca ganha voz, literalmente. E esse negócio vai chegar às pequenas e médias empresas, qualquer uma poderá ter seu voice app. Da mesma forma como houve a onda das páginas na web e depois a onda dos aplicativos móveis, vai acontecer o mesmo com os voice apps”, prevê Deivisson.

Roadmap

A Bevoice vai ser lançada no terceiro trimestre deste ano. A plataforma vai começar com o módulo de analytics. Com ele, será possível acompanhar em um painel na web os resultados de um voice app tanto na Alexa quanto no Google Assistente. A ferramenta considera métricas que são importantes nesse tipo de interface, como total de usuários; percentual de usuários recorrentes; origem dos acessos; percurso de navegação; intenções faladas pelos usuários; e intenções não compreendidas pelo assistente. A falta de uma plataforma de analytics consolidando dados de Alexa e Google Assistente é uma das principais dores do mercado de voice apps no mundo, argumenta Deivisson.

O segundo passo será incluir um módulo de construção de voice apps, previsto para entrar no ar no quarto trimestre. Será uma ferramenta ‘codeless’, ou seja, que não demandará conhecimento de programação. Ela oferecerá templates e terá uma interface simples para a criação lógica de voice apps para publicação na Alexa, no Google Assistente ou mesmo dentro de aplicativos móveis já existentes.

Também está no roadmap da Benext incluir na Bevoice um módulo para gerenciamento de publicidade em voice apps, previsto para o primeiro trimestre de 2022. E depois, um para gerenciar vendas, o chamado voice commerce, planejado para o segundo trimestre do ano que vem.

Rodada de investimento

Até o momento a Bevoice atuou com recursos providos por seus sócios-fundadores. Agora, prepara uma rodada de investimento para levantar US$ 1 milhão com o objetivo de promover internacionalmente o lançamento da plataforma e a conquista de clientes no exterior. Seu foco principal serão os mercados norte-americano, inglês, alemão e latino-americano, informa o executivo. “Queremos deixar de ser apenas um desenvolvedor enterprise, para sermos um player global de SaaS para voz”, resume.