Nokia e Blackberry competiram durante a década de 2000 por um público que dialogava bastante com seus designs de aparelhos. Focada naqueles que demandavam organização no dia a dia dos seus trabalhos, as empresas orientaram seus lançamentos para celulares com teclados que mais pareciam um minicomputador ou um grande pager. Em um mundo de smartphones e touchscreens, isso parece um passado distante.

O Blackberry, que chegou a ser um sinônimo de status de empresários e celebridades, dominou o mundo corporativo pois oferecia segurança ímpar, na época, com mensagens encriptadas, tornando-se a escolha de aparelho para empresas e governos.

Com seu teclado QWERTY físico, o telefone permitia uma maior agilidade na digitação, sendo perfeito para escrever mensagens de texto ou emails, o que fidelizou ainda mais a escolha de público. Além disso, antes de o WhatsApp e demais aplicativos de mensagens instantâneas aparecerem, existia o Blackberry Messenger (BBM).

No auge, a companhia canadense tinha 50 milhões de usuários ativos. Em 2009, foi o celular mais vendido nos Estados Unidos.

Naquela época, a Nokia era conhecida por produzir aparelhos duráveis, com uma bateria que aguentava muito até precisar ser recarregada; pelo design simples e efetivo, com uma interface amigável que atraía tanto os amantes de tecnologia quanto quem buscava algo prático; e por dominar uma fatia considerável do mercado de celulares. Para se ter uma ideia, em 2007, a finlandesa contava com quase 50% do mercado mundial.

A Nokia, além de seus famosos tijolões que conquistaram o Brasil, era conhecida por ser uma marca que não tinha medo de inovar no designs. A companhia tentou abocanhar uma fatia do mercado ocupada pela Blackberry, com modelos como o da linha E, como o E63 e E71, que tinham teclado físico também.

O que deu errado?

A Nokia não foi capaz de competir com a mudança nos designs e subestimou a revolução do iPhone e sua tela (algo que a concorrência, como a Samsung, soube navegar melhor). Acreditando na importância de botões físicos, até que resolvesse investir em touchscreens, Apple e Samsung já tinham dominado o mercado.

Outro ponto que contribuiu para derrubar a Nokia foi a aposta no Symbian OS, um sistema operacional desenvolvido pela própria Nokia e que acabaria sendo esquecido após a popularização do Android. Em 2011, no ímpeto competitivo, fechou parceria com a Microsoft, lançando o Windows Phone, o que isolou ainda mais a empresa.

O erro da Blackberry também foi uma superestimação de seu teclado físico. A empresa chegou a lançar modelos touchscreen, como foi o caso do BlackBerry Storm, mas já era tarde demais e seus usuários tinham seguido para iPhones ou aparelhos de sistema Android. Em 2016, a empresa deixou de produzir aparelhos com teclado físico e seis anos depois encerrou suporte para seus sistemas operacionais.

É possível afirmar que a lojas App Store da Apple e Google Play mudaram a forma com que o usuário se relaciona com o telefone celular. A partir desse ponto, a função “fazer/receber ligações” e “mandar/enviar mensagens” se tornou quase secundária, ante a infinidade de aplicativos para diferentes fins.

O Blackberry decidiu não se concentrar em aplicativos e priorizou segurança e ferramentas voltadas ao mundo corporativo. A segurança se sobrepôs à experiência do usuário e, aos poucos, os empresários também migraram para iPhones e Androids.

Em seu declínio, Blackberry e Nokia andaram de mãos dadas, com “erros” similares entre si: dificuldade de inovar e a insistência em diferenciais que não agregavam mais tanto valor para o consumidor. As duas acabaram isoladas no mercado, com dificuldade de se adaptar.

Cabe mencionar que a marca Nokia para celulares hoje está licenciada para uso pela fabricante asiática HMD, inclusive com modelos com design que lembram seus maiores sucessos do passado. A Blackberry não encontrou até agora ninguém disposto a ressuscitar seus aparelhos, mas segue atuando em softwares de comunicação segura para empresas e governos.

 

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