O uso do RCS para a comunicação entre empresas e seus consumidores está ganhando força no Brasil. É o que atestam números relatados pela operadora Vivo e pelos integradores Pontaltech e Ótima Digital a pedido de Mobile Time.
Na Vivo, em setembro deste ano, até o presente momento, o tráfego de RCS é 127% maior do que no mesmo período de 2024, informa a operadora.
A Ótima Digital, por sua vez, reporta que o volume de disparos de RCS no primeiro semestre deste ano somou 209 milhões, ante 73 milhões no mesmo período de 2024, o que representa um crescimento de quase três vezes (+180%).

Thiago Oliveira, CEO da Ótima Digital (crédito: divulgação)
“Não adianta o canal ser espetacular se a audiência for baixa. E o RCS conseguiu ter uma evolução significativa. Houve um crescimento grande nos últimos 18 meses”, comenta Thiago Oliveira, CEO do Grupo Ótima Digital.
Na Pontaltech, considerando apenas os RCS single e conversacional, o volume nos seis primeiros meses deste ano é cinco vezes maior que naqueles de 2024. E no terceiro trimestre a expectativa é de que o volume dobre em relação ao segundo trimestre, projeta a empresa.
“O RCS deixou de ser uma aposta. Virou um negócio relevante em receita e em contribuição de margem”, afirma Carlos Secron, CEO da Pontaltech, em conversa com Mobile Time. Dos mais de 800 clientes que compõem a carteira da companhia, cerca de 60% já utilizam o RCS, alguns com adoção massiva, mas sem abandonar necessariamente os outros canais, conta Secron.
Os números corroboram a narrativa do Google, que também é de que o canal vem ganhando força e almeja conquistar parte do mercado de atendimento por chat, hoje dominado pelo WhatsApp no Brasil. A plataforma de RCS usada pelas operadoras brasileiras é fornecida pelo Google.
Base habilitada para RCS também cresce
Pouco a pouco, a base de smartphones habilitados para receber e enviar mensagens de RCS também cresce no Brasil, conforme o parque de smartphones Android vai sendo trocado por modelos mais modernos que são compatíveis com RCS e já vêm com o serviço habilitado no seu aplicativo padrão de mensageria.

Carlos Secron, CEO da Pontaltech (Crédito: divulgação)
Na Vivo, mais da metade da base Android consegue trabalhar com o serviço de mensageria. A cada semestre, o número de assinantes da Vivo com aparelhos compatíveis com o serviço de mensageria cresce 17%.
Na Pontaltech, as campanhas disparadas por RCS têm conseguido ser entregues, em média, para 55% da base de destinatários. Três anos atrás essa proporção girava em torno de 20%, e em 2024 era de 40%. A expectativa de Secron é que chegue perto de 70% depois que o RCS estiver disponível para iPhones das três grandes operadoras – por enquanto apenas assinantes da Vivo conseguem usar o serviço em iOS.
Na Ótima, já houve campanha de RCS entregue para 70% dos destinatários. Dois anos atrás a média era de 35%, relembra a empresa.
“A grande graça do RCS é que a pessoa usa o app nativo do seu celular, evitando ter que baixar um novo software. Isso é uma questão de segurança de identidade, tanto para a marca (que envia mensagens) quanto para o assinante. No RCS dá para uma pessoa trocar de linha e manter a mesma identidade. Ou seja, isso oferece uma segurança maior sobre a identidade”, comenta Leonardo Silva, head de B2B Messaging, CPaaS e Open Gateway, Vivo.
Adesão da Apple contribui
Na semana passada, Mobile Time noticiou em primeira mão que o RCS chegou ao Brasil para iPhones. Inicialmente ele está disponível apenas para modelos com iOS 26 e somente para assinantes da Vivo. A operadora conseguiu sair na frente das demais por ter sido mais rápida na conclusão de ajustes técnicos exigidos pela Apple dentro de um prazo estipulado pela fabricante. Mas é esperado que Claro e TIM consigam lançar também em breve, possivelmente ainda este ano.

Leonardo Silva, head de B2B Messaging, CPaaS e Open Gateway, Vivo (Crédito: divulgação)
A adesão da Apple é considerada de suma importância para acelerar o crescimento desse serviço de mensageria no Brasil. Mesmo considerando o fato de que a base de iPhones no país é pequena, representando algo entre 15% e 20% do total, essa era a notícia que faltava para convencer algumas marcas a apostarem no novo canal de comunicação.
“Alguns clientes não colocam força no RCS com a desculpa de esperar a entrada no iOS”, conta Oliveira, da Ótima Digital.
Resultados positivos do RCS
Os principais casos de uso do RCS no Brasil no momento são os de campanhas de marketing, vendas e cobrança. Entre os motivos estão a disponibilidade de ferramentas para incrementar a conversa, como carrossel de imagens; o preço; e a menor burocracia de aprovação dos textos, quando comparado com o principal rival, o WhatsApp.
A Ótima relata um case de uma agência de turismo cujo retorno sobre o investimento (ROI) no RCS foi duas vezes melhor que no WhatsApp, apesar de a audiência deste último ser maior. Há campanhas no RCS com 12% de conversão contra 6,5% no WhatsApp, relata.
Acirramento da competição com o WhatsApp
O próximo passo do canal de mensageria é conquistar casos de uso conversacional, que ainda engatinha no Brasil.
Na Vivo, o preço por RCS conversacional começa a partir de R$ 0,15. Para efeito de comparação, uma mensagem de marketing enviada no WhatsApp custa US$ 0,0625 no Brasil, ou seja, cerca de R$ 0,33 no câmbio atual, mais que o dobro do concorrente. Entretanto, no WhatsApp, se a conversa for iniciada pelo consumidor o custo é zero para a marca.
Ao mesmo tempo que o RCS tenta avançar sobre os casos de uso conversacionais, o WhatsApp baixou drasticamente seu preço mensagem de utilidade e ameaça um segmento hoje ainda dominado por SMS.
Por tudo isso, o ano de 2025 parece que vai ficar marcado como aquele em que a competição no mercado de mensageria A2P no Brasil esquentou.
A ilustração no alto foi produzida por Mobile Time com IA