Há cerca de 20 anos, foi criado o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Ligado ao Comitê Gestor da Internet (CGI.br), o núcleo tinha como responsabilidade — que até hoje é mantida — de desenvolver a internet no Brasil. Trata-se de uma entidade civil de direito privado e sem fins lucrativos, responsável pelo domínio .br., além da distribuição de números IP e o registro dos Sistemas Autônomos (AS, em inglês) no país.
Hoje, o núcleo acumula 5,5 milhões de domínios .br, sendo o maior conjunto de Pontos de Troca de Tráfego (PTT, na sigla em inglês) do mundo, que consiste na interconexão entre um local físico, como um datacenter, e diversos provedores de internet (ISPs, em inglês). Em abril deste ano, o PTT brasileiro, chamado de projeto IX.br, registrou um fluxo de 40 Tbit/s de tráfego agregado em 39 localidades, o maior já registrado pela iniciativa.
O ecossistema desenvolvido é referência internacional, já que não só oferece estrutura técnica, mas direciona parte de seus investimentos em infraestrutura de rede, geração de conhecimento, formação de profissionais e em outros campos ligados à qualidade da internet acessada pela população. Além disso, o núcleo produz pesquisas que são referências globalmente, como a série TIC.
O NIC.br ainda é responsável por coordenar respostas a incidentes de segurança, medir a qualidade da internet, capacitar profissionais para a área de tecnologia, fomentar o uso da internet e monitorar o avanço do uso de inteligência artificial (IA). Um desafio considerável já que hoje o Brasil é um dos países com o maior número de registros de AS. O país se destaca na adesão ao novo protocolo da internet, o IPv6, com 50%.
Um .br diferente
Era abril de 1989, quando a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) recebeu a função de operar as redes acadêmicas do país com o .br pela organização global Internet Assigned Numbers Authority (IANA). O domínio era usado para levantar o número de computadores utilizados no Brasil, mas concentrava-se apenas nas universidades. Cerca de dois anos depois, a internet começou a operar por aqui de forma experimental e, em 1994, começou a ser comercializada.
Com a tecnologia em crescimento no território brasileiro, um ano depois, o Ministério de Ciência e Tecnologia, junto ao Ministério das Comunicações, criou o CGI.br, que ficou responsável por definir as diretrizes de uso e desenvolvimento da rede no país. Em 1996, a tecnologia já era usada por parte do setor empresarial do Brasil e as solicitações do domínio só cresciam. Para se ter ideia, no início daquele ano, existiam 851 domínios .br registrados. Em dezembro do mesmo ano, o número saltou para cerca de 7,5 mil. Com isso, o CGI.br optou por automatizar o processo.
Diante da necessidade de maior autonomia, no ano de 2000, o comitê resolveu desvincular o .br da Fapesp, processo que se consolidou apenas três anos depois, com a criação do NIC.br. Só que o núcleo só passou a ser responsável pela administração e operação do domínio em 2005.
Ilustração produzida por Mobile Time com IA.

