Em diferentes setores, é cada vez mais comum as decisões serem tomadas com base em dados. O conceito de data-driven avança nas organizações, mostrando que investir em inteligência de dados é um caminho irreversível. No setor financeiro, especificamente, o conceito de dados é ainda mais amplo e requer atenção redobrada. As instituições precisam tomar decisões rápidas e monitorar todas as operações realizadas a cada momento. Neste contexto, contar com uma base de dados centralizada e atualizada é fundamental para garantir a coerência das informações nas mais diversas operações.

Apesar de conceitualmente simples, na prática, implementar uma central única de dados em uma instituição financeira traz alguns desafios relevantes. Entre eles, podemos destacar dois pontos principais: a variedade de fontes de dados que, às vezes, são onerosas, demandando um trabalho relevante de captura, monitoramento, análise e curadoria; e a necessidade de integrar ou substituir sistemas legados para que se garanta que uma mesma informação circule por toda a instituição.

Para compreendermos melhor este cenário, vamos analisar primeiramente a questão dos dados em si. Podemos destacar como exemplo o preço de ativos de crédito privado, como CRI, CRA e Debêntures. Esses papéis demandam monitoramento constante, haja vista que passam por frequentes eventos extraordinários, além de contemplarem grande variedade de parametrizações de cálculo de correções e pagamentos. Trata-se de um exemplo típico de dado tratado, mais oneroso, com fontes diversas, despadronizadas que demanda análise e curadoria, e que, quando não é utilizado de forma centralizada em uma instituição, tende a gerar inconsistência e ineficiência operacional. Como exemplo, podemos citar áreas distintas, de uma mesma instituição, utilizando informações diferentes para um determinado CRI. Um cadastro ou preço incorreto de um ativo afeta, não somente a instituição, como o próprio investidor.

Soma-se a esse tipo de informação, os dados brutos, normalmente capturados de fontes públicas e que não demandam o trabalho citado acima de análise, curadoria ou aplicação de alguma metodologia. Cotações de ações, variações de taxa de câmbio, índices de mercado, informações cadastrais e comunicados de empresas abertas são alguns exemplos. Apesar de ser insumo para outros processos, esse tipo de dado bruto gera menos dificuldade na captura e consistência de uso, já que exige menos intervenção de quem o consome.

Visando a padronização e o ganho operacional, nota-se no mercado um movimento crescente em busca de um centralizador de todos esses dados. No entanto, esta demanda traz consigo, de maneira intrínseca, uma dificuldade que vai além do levantamento, mapeamento ou tratamento dos dados. Aqui, nos deparamos com o segundo grande desafio para as instituições financeiras: a coexistência de sistemas legados e a consequente necessidade de lidar com suas conciliações, integrações e/ou substituições de soluções.

Em instituições financeiras que já nasceram em um ambiente tecnológico e orientadas a dados, a implementação de uma central única segue um fluxo mais natural, simples e rápido. Porém, há muitas instituições que ainda carregam sistemas legados que dificultam e oneram todo este processo. Às vezes, além de um sistema desenvolvido em uma linguagem obsoleta, há dezenas de soluções distintas, cada uma com uma fonte de dados diferente. O problema não é ter várias soluções diferentes. O problema é cada solução acessar uma fonte diferente de dados. É preciso garantir que todas as soluções acessem a mesma base de informação.

Sem dúvida, em cenários como este, a implementação é mais custosa e mais lenta. Porém, mesmo com todos desafios de implementação e de todo o trabalho exigido, a unificação da base de dados não pode ser deixada de lado. Além de garantir que as diferentes áreas da instituição utilizem as mesmas informações sobre cada ativo, a centralização traz consigo uma tendência de otimização da alocação de recursos e, consequente, redução de custos com manutenção, conciliações, erros, retrabalhos e até risco reputacional.

Em resumo, a necessidade de unificação é inquestionável, seja por conta do crescimento orgânico da própria instituição, de operações de fusões e aquisições e até mesmo pelas questões relacionadas aos sistemas legados. E, mesmo que exija um esforço que não seja de curto prazo, buscar esta centralização e garantir que a entrada de dados siga um fluxo unidirecional é fundamental para reduzir riscos e aumentar a competitividade no médio e longo prazos.

 

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