Vivemos em um mundo de mudanças aceleradas e rotinas cada vez mais corridas, onde o celular na palma da mão se tornou a principal ferramenta para resolver a vida. Essa busca constante por otimização é uma realidade para todos e, para mim, não é diferente. Isso levanta uma pergunta fundamental: como a leitura e o acesso ao conhecimento estão evoluindo nesse cenário? A resposta está em uma revolução digital que transcende os formatos, impulsionando um novo tipo de consumo focado em flexibilidade.
Os dados mostram que não estou sozinha nessa percepção. Uma pesquisa recente do Instituto Pró-Livro revelou que o número de brasileiros que leem pelo celular cresceu 75% nos últimos cinco anos. Os audiolivros? Um salto de 23%. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) complementa esse cenário, mostrando que o preço acessível (68%), a vasta disponibilidade (49,3%) e a variedade (33,9%) são os grandes impulsionadores da escolha pelos livros digitais.
Não deixamos de consumir conteúdo; estamos adaptando o consumo à nossa realidade. Queremos flexibilidade. Queremos aprender no trânsito, na academia ou enquanto preparamos o jantar.
Essa é uma mudança de comportamento, não de interesse. A tecnologia está, finalmente, quebrando barreiras de acesso ao conhecimento. Vemos um apetite gigante por áudio no Brasil – são mais de 30 milhões de ouvintes de podcasts, segundo a ABPod. Então, por que os audiolivros ainda não explodiram da mesma forma?
O gargalo é claro: a produção. Criar um audiolivro é um processo caro, complexo e lento, o que resulta em uma oferta ainda limitada no mercado. É um ciclo que precisa ser quebrado: pouca oferta gera baixo engajamento, que não justifica o investimento em mais produção.
É aqui que eu vejo uma oportunidade gigantesca. A inteligência artificial pode revolucionar essa indústria. Com vozes sintéticas de altíssima qualidade, podemos escalar a produção de forma exponencial, tornando o custo acessível e a variedade de títulos imensa.
Claro, não é simples assim. Precisamos avançar, e rápido, na criação de regras claras para proteger a propriedade intelectual e garantir o uso ético da IA. Esse debate não pode nos paralisar. Encarar a IA como “experimental” é um erro; ela é a chave para destravar o potencial de um mercado inteiro.
Nosso propósito é exatamente este: ser a menor distância entre o conteúdo e o consumidor. Não estamos apenas criando um produto; estamos trabalhando para desenvolver cada vez mais uma plataforma onde a tecnologia torna o conhecimento mais democrático e acessível.
Afinal, a revolução não está em trocar o papel pelo digital. Está em dar a cada pessoa o poder de aprender e se entreter na hora e no formato que fizer sentido para a sua vida. E isso, para mim, é construir algo muito maior do que eu.
Foto: Laura Barros, vice-presidente de Produto e Marketing do AYA. Crédito: Wanezza Soares/divulgação
