A presença feminina no setor de tecnologia tem aumentado, mas ainda enfrenta desafios “invisíveis” que dificultam a jornada das mulheres. Entrar na área é apenas o primeiro passo; permanecer e crescer exige um esforço contínuo para superar barreiras que muitas vezes são sutis, mas profundamente limitantes.

Ao longo da minha trajetória, experimentei isso de perto, desde ser uma das poucas mulheres na sala de aula até liderar times onde a presença feminina ainda é minoria. Esse cenário, que parece um detalhe diante de tantas variáveis, ele molda carreiras, impacta na autoconfiança e exige resiliência diária.

A necessidade constante de provar competência é um custo oculto que poucas pessoas percebem. Comentários pejorativos não são incomuns e, muitas vezes, vêm da própria liderança. A ausência de modelos femininos no setor também reforça a sensação de isolamento, tornando o caminho ainda mais desafiador.

Apesar de todos os percalços, nunca considerei desistir. Sempre acreditei que a resiliência e a inteligência emocional são ferramentas poderosas para qualquer profissional, especialmente para as mulheres que ingressam no mercado de trabalho, principalmente na área de tecnologia. Meu incentivo veio da minha família, que sempre me apoiou e nunca impôs limitações de gênero às minhas escolhas. Esse apoio foi fundamental para que eu pudesse enfrentar os desafios ocultos que viriam, até chegar a um ambiente profissional seguro, de respeito e oportunidades. Mas sei que essa não é a realidade para muitas mulheres, que ainda enfrentam barreiras desde o início de sua formação.

Esse foi um dos motivos que me levaram a atuar como professora universitária. A presença de mulheres na docência pode ser um fator essencial para estimular mais alunas a permanecerem na área e a enxergarem oportunidades de crescimento. Ter referências femininas em tecnologia não é apenas inspirador, mas uma necessidade para reduzir as desigualdades e incentivar novas gerações. Felizmente, o cenário está mudando. Empresas que reconhecem a importância da diversidade estão investindo em ações concretas para equilibrar essa equação.

Programas de incentivo à liderança feminina, políticas afirmativas e a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo são estratégias que fazem a diferença para corrigir um histórico de desigualdade estrutural. Mas garantir representatividade não é apenas abrir espaço, é dar condições reais para que mulheres ocupem e se mantenham em posições de liderança. Como gestora na área de tecnologia, vejo diariamente o impacto de um ambiente que incentiva a equidade: times diversos são mais inovadores, mais ágeis e tomam melhores decisões.

Ainda há muito a ser feito. Garantir a presença feminina na tecnologia não significa apenas abrir oportunidades, mas criar ambientes seguros, inclusivos e propícios ao crescimento. A cultura organizacional precisa acompanhar esse movimento, promovendo o desenvolvimento das mulheres para que elas possam ocupar posições estratégicas e de liderança. Atualmente, as mulheres representam 39% dos empregos no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil, segundo dados da Brasscom. Esse número reflete avanços, mas também mostra que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir equidade real na área.

A jornada feminina na tecnologia, como em algumas outras áreas, vai além das habilidades técnicas. Exige persistência, resiliência e um esforço contínuo para conquistar espaços. Mas à medida que mais mulheres ingressam e se consolidam na área, esse ciclo de desafios invisíveis começa a se desfazer. Com o apoio de iniciativas concretas, políticas inclusivas e a construção de redes de apoio, podemos transformar esse cenário. A tecnologia precisa de mais mulheres – não apenas como profissionais qualificadas, mas como protagonistas na construção de um setor mais inovador, diverso e sustentável.

A tecnologia precisa de mais mulheres, não apenas como participantes, mas como protagonistas. Precisamos ocupar, transformar e influenciar, garantindo que o caminho para as próximas gerações seja menos árduo do que foi para nós. Porque inovação não acontece sem diversidade, e o futuro da tecnologia será moldado por quem tiver coragem de liderar.

 

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