O Instagram (AndroidiOS) comemorou 15 anos de existência nesta semana. A plataforma de imagens chegou a 3 bilhões de usuários mensais (MAUs) no último dia 24 de setembro e vem colaborando para o incremento de receita da Meta, que fechou 2024 com US$ 48 bilhões.

O head da rede social, Adam Mosseri, afirmou que esse resultado acontece puxado pelo consumo dos usuários em mensagens diretas (DMs), vídeos do Reels e recomendações. Em vídeo publicado na plataforma, os Reels representam 50% do tempo gasto pelos usuários no app e geram 4,5 bilhões de compartilhamentos por dia.

Com isso, o app que foi forjado nas postagens de fotografias de seus usuários na primeira década, agora começa a focar mais no envio de mensagens privadas e publicações de vídeos, como disse Mosseri. Essa mudança está ligada diretamente à:

  • Evolução da plataforma que nasceu independente em 2010;
  • Transformação da empresa, que se tornou a holding Meta, um grande conglomerado com diversas plataformas, funcionalidades e modelos de negócios;
  • Concorrência.

Veja, o Instagram quando ‘nasceu’ tinha como rivais Tumblr, FourSquare, Flickr e Fotolog, agora os competidores são TikTok, Snapchat, X (antigo Twitter) e o YouTube, redes sociais que também apostam em vídeos, possuem fortes comunidades e modelos de negócios baseados na publicidade.

Mas como foi esse caminhar, da foto ao vídeo? Dos milhares de usuários na Califórnia aos bilhões espalhados por todo o mundo?

Primeiros anos

Fundado em 2010, o Instagram surgiu como um app de compartilhamento de fotos quadradas – similares às fotos de Polaroid, mas digitais. Criado pelo norte-americano Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger, a plataforma teve sua primeira publicação em junho daquele ano com uma imagem tirada por Systrom; mas a plataforma ganhou tração após uma primeira rodada de investimento de US$ 500 mil com Baseline Ventures, Andreessen Horowitz e um investidor-anjo, em 2010, segundo o Crunchbase.

O capital possibilitou à startup lançar o seu primeiro aplicativo móvel para iOS no mesmo mês de novembro daquele ano. Mas a companhia precisava de mais capital para começar a desenvolver e ampliar sua comunidade, trazer mais pessoal e criar mais tecnologias para os usuários.

Com isso, o Instagram teve mais duas rodadas de investimento, uma de US$ 7 milhões, em uma série A liderada por Benchmark, em fevereiro de 2011, e uma série B, de US$ 50 milhões, em abril de 2012, capitaneada pela Sequoia Capital.

Essas injeções de capital possibilitaram o lançamento de seu app mobile Android que, na esteira do sucesso do iOS que contava com 30 milhões de downloads na época, atingiu 1 milhão de instalações no primeiro dia – um resultado bem expressivo para os primeiros anos do mercado de apps móveis, como reportado por TechCrunch e The Verge.

Comprados pelo Facebook

Head of Instagram Adam Mosseri with co founders Kevin Systrom and Mike Krieger

Adam Mosseri aparece ao meio, entre os dois sócios do Instagram: Kevin Systrom e Mike Krieger (divulgação)

O resultado em pouco mais de dois anos trouxe os olhares da Meta. Na época, ainda como Facebook, a empresa do CEO e cofundador Mark Zuckerberg havia realizado a sua oferta pública inicial (IPO) e angariou US$ 16 bilhões. Com muita especulação e volatilidade nos primeiros meses de suas ações na Nasdaq, segundo a Forbes, o executivo precisava dar uma resposta ao mercado sobre o seu próximo passo.

Em setembro de 2012, o Facebook concretizou a aquisição do Instagram, uma operação que custou US$ 300 milhões em dinheiro e mais ações, o equivalente a US$ 1 bilhão. A soma foi bem maior que os US$ 35 milhões que Yahoo pagou pelo Flickr seis anos antes – e, por outro lado, valor bem mais baixo dos US$ 19 bilhões que Zuckerberg desembolsou para adquirir o WhatsApp.

Com a proposta de manter o Instagram independente, Systrom e Krieger continuaram na empresa. De acordo com o perfil do brasileiro no Linkedin, eles saltaram de uma equipe de pouco mais de uma dúzia de pessoas para liderar um time de mais de 450 engenheiros.

Na prática, isso colaborou para o lançamento das mensagens diretas em 2013, renovar o app em 2015, lançar o app para Windows em 2016, chegar a 700 milhões de usuários em 2017, lançar o Stories em outubro do mesmo ano e começar a caminhar para o vídeo com a chegada do app IGTV em 2018 – mas que foi descontinuado em 2022. Todo esse movimento culminou para o Instagram chegar ao seu primeiro bilhão de MAUs em junho de 2018.

Na sequência do recorde, Systrom e Krieger deixaram o Instagram. Adam Mosseri foi escolhido como substituto dos dois fundadores.

Essas mudanças ocorreram em um momento em que o Facebook estava consolidando suas plataformas sob um teto que viria a se tornar Meta em outubro de 2021. Também coincidiu com o escândalo de Cambridge Analytica, que envolveu a coleta de dados privados dos usuários do Facebook por uma empresa britânica para favorecer atores políticos, como o presidente Donald Trump e os líderes do Brexit, no Reino Unido.

Sob nova direção

Instagram

Adam Mosseri, head do Instagram, em vídeo explicando as novas funcionalidades do Instagram. (Imagem: reprodução)

Com Mosseri no comando, o Instagram avançou em funções que davam mais controle ao usuário, como aquelas para reduzir o assédio e comentários negativos na plataforma. Também preparou um novo redesenho da rede social, além de trazer curtidas nos Stories e a conta de adolescentes. Mas a mudança para os vídeos começou em 2020 com a chegada do Reels, na esteira do sucesso inicial do TikTok.

No começo de 2023, Zuckerberg e Mosseri notaram o vazio que o então Twitter estava deixando no mercado após a compra feita por Elon Musk e lançou o seu próprio serviço de microblog, o Threads (AndroidiOS), que está sob o guarda-chuva do Instagram. Ou seja, a rede social saiu de sua zona de conforto nas imagens e entrou em um universo mais textual, efêmero e de publicações em tempo real que caracterizou o Twitter em seus primeiros anos.

Mais recentemente, um outro avanço tecnológico foi a adição da assistente Meta AI ao Instagram. Porém, a tecnologia baseada no modelo Llama já foi tema de crítica de reguladores do Brasil e de fora pela coleta de dados, algo que foi corrigido meses após o seu lançamento em 2024.

Já neste ano de 2025, a sinergia entre apps da Meta (a Family of Apps) começa a crescer. Como o lançamento do app Edits para rivalizar com o CapCut, do rival TikTok, ao mesmo tempo que mantém o seu usuário familiarizado com o Instagram, e adicionou camadas de proteção extra para os usuários e restrições para proteção de adolescentes.

Vale dizer, Krieger é atualmente CPO na Anthropic e Systrom lidera o app Artifact que fundou junto com o colega brasileiro.

 

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