Com o WhatsApp nas mãos de todos os brasileiros, o Brasil fica nas mãos do WhatsApp. A falha técnica que deixou o aplicativo de mensageria seis horas fora do ar escancarou a dependência que temos dele. Nos primeiros minutos, as pessoas achavam que o problema era da Internet, afinal, para muita gente, o WhatsApp é praticamente sinônimo de Internet. É nele que passam a maior parte do seu tempo digital. 

O WhatsApp é o app mais vezes aberto; é aquele no qual o brasileiro passa mais tempo ao longo do dia; está instalado em 99% dos smartphones; e está presente na tela inicial de 56% dos smartphones nacionais. É o líder em todos esses quatro critérios, o que torna possível considerá-lo, sem margem para dúvidas, como o aplicativo mais popular do País. A fonte desses dados são as pesquisas Panorama Mobile Time/Opinion Box.

Há muito tempo o alcance do WhatsApp não se limita à comunicação entre familiares e amigos. O WhatsApp virou uma ferramenta de trabalho para profissionais de todas as áreas. Acordos políticos, negócios milionários, entrevistas exclusivas, provas judiciais, informações confidenciais, denúncias de crimes, segredos de toda sorte: tudo isso e muito mais trafega dentro desse app, que garante resguardar a privacidade da comunicação com criptografia de ponta a ponta.

Até as eleições do País são influenciadas, para o bem ou para o mal, pelo WhatsApp, seja ajudando na organização de militantes, seja espalhando notícias falsas sobre adversários políticos.

Ao mesmo tempo, grandes marcas e empresas adotaram o canal para atendimento dos seus clientes, obtendo resultados mais baratos e com maior satisfação do consumidor do que em outros canais. O passo seguinte, que começa a acontecer, são as vendas pelo WhatsApp, em uma tendência conhecida como comércio conversacional, ou “chat commerce”. 

Não à toa o Banco Central manteve suspensa por um ano a funcionalidade de pagamento por WhatsApp. Dotar esse app da capacidade de operar transações financeiras seria conferir-lhe poder demasiado – além de atrapalhar o lançamento do Pix, que já estava agendado. A autorização para o WhatsApp Pay veio só em maio deste ano e, mesmo assim, limitada a transferências peer to peer de baixo valor e com cartão de débito.

É difícil calcular o prejuízo de o Brasil passar seis horas seguidas sem WhatsApp. Mas se torna claro que é de suma importância contar com canais alternativos de comunicação. Há vários à disposição: Telegram, RCS, Signal, a boa e velha ligação telefônica. Redundância é fundamental. Ou, como dizem no mundo dos negócios, não devemos botar todos os ovos em uma única cesta. O WhatsApp é um aplicativo incrível, pela simplicidade de uso e pela sua conquistada universalidade, mas até gigantes como ele podem cair… ou adormecer por algumas horas.