O banco Inter (AndroidiOS) está em processo final de aprovação para ganhar o status de agência bancária nos Estados Unidos, ou seja, a obtenção da licença ‘US Branch’ que é avaliada pelo Office of The Comptroller of Currency (OCC). Esse aval dará a liberdade para oferecer produtos e serviços financeiros em solo norte-americano.

Atualmente, a companhia é registrada como um negócio de serviços financeiros (MSB) e um transmissor de dinheiro (NMLS), com parceiros no país como Wells Fargo, CFSB e Continental Bank.

Embora não tenha uma data específica para receber a licença, Ray Chalub, COO global do banco, explicou que a expectativa é que isso aconteça nos próximos meses: “Nós já somos uma fintech nos EUA. Somos uma fintech global. O que estamos fazendo é expandindo o portfólio de ofertas dessa fintech, abrindo uma filial do Banco Inter do Brasil aqui (nos EUA)”, afirmou.

“Isso (a licença US Branch) nos ajudará a lançar produtos. Por exemplo, nós vamos ter o nosso próprio cartão de crédito. E o nosso próprio cartão de débito. Hoje a gente usa parceiros. Servimos os clientes com essas parcerias. Com a branch, a nossa fintech global está aumentando as suas capacidades”, completou.

O Inter norte-americano (conhecido como InterCo) oferece uma conta global digital por meio de seu app com opção de transação internacional, investimentos, conta digital, cashback e gift cards, assim como cartões de crédito e débito com bandeira Mastercard.

Com o arcabouço mais robusto, a companhia quer entrar de cabeça no mercado dos Estados Unidos e se aproximar do público local.

Inter nos EUA

Aluguel de bicicletas, galeria de arte ao ar livre e até naming rights em estádio de time de futebol da MLS, a liga americana de futebol (de verdade): o banco Inter tem planos para avançar nos Estados Unidos com uma estratégia de aproximar sua marca ao consumidor. Tais ações não envolvem apenas atingir o brasileiro expatriado, mas também o público local.

“Com relação ao norte-americano, nós temos de 5 a 6 mil bancos aqui (nos EUA), dos pequenos aos grandes. Mas o cliente não é bem servido. Por exemplo, há bancos que cobram US$ 15 para ter dinheiro na conta. Nós não cobramos nada”, disse João Vitor Menin, CEO global da instituição.

Também estão como público-alvo do banco os imigrantes que moram nos EUA, uma vez que esses têm mais dificuldade de construir um score de crédito por não terem histórico financeiro no país: “Para atrair esses públicos, focamos em produto e em tirar fricções”, completou.

Nos últimos dois anos, o banco mais que dobrou (166%) a quantidade de contas globais digitais que operam em dólar em diferentes geografias, de 1,8 milhão para 4,8 milhões, na comparação entre o segundo trimestre de 2023 para 2025.

Investimentos

Inter

Sede do Inter em Miami, EUA (divulgação)

Outros clientes que Menin mira são os usuários comuns (em especial de classe média) e trabalhadores da era digital que desejam mover fundos ou até investir em renda fixa e variável nos Estados Unidos: “Para ter acesso a uma corretora e comprar ação com dois cliques é difícil”, disse, ao reforçar que essa é uma das principais lacunas nos bancos incumbentes.

Nesta estratégia, o Inter mira se tornar “a casa do mercado imobiliário para o investidor estrangeiro nos Estados Unidos”, como disse Cassio Segura, diretor de expansão internacional do Inter. Para isso, o banco tem três fundos de investimento para os consumidores, um de crédito imobiliário e dois de aquisição de imóveis nos EUA.

“Já estamos com US$ 80 milhões nessa linha de investimentos do mercado imobiliário norte americano e US$ 320 milhões em projetos em andamento (em projetos na Flórida e Texas)”, afirmou Segura, antes de explicar a estrutura dessa operação. “Nós temos uma broker dealer que é a Inter Securities, temos a nossa Registered Independent Advisor (RIA) para aconselhamento de investimentos ao cliente, a Inter US Advisors, e vamos ter mais uma RIA que é a Inter US Management para focar exclusivamente no mercado imobiliário norte-americano”, detalhou.

Atualmente, dos 4,8 milhões de clientes da conta global, 950 mil são investidores. O banco também tem investimentos em renda fixa (CDB, por exemplo) e renda variável, como ETF, sendo que as mais procuradas são ações de empresa de tecnologia, como Apple, Intel, Tesla e NVIDIA. Mas Segura reforça que, em volume de transações, a renda fixa é mais forte.

Com dois anos e meio de operação nos EUA desde a compra da US Send em 2021, o Inter terminou com US$ 1,6 bilhão de ativos em custódia no segundo trimestre de 2025.

Marca e benefícios

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Frente do Inter&Co Stadium em Orlando, EUA Inter Lounge em Orlando, EUA (crédito: Henrique Medeiros)

Para se aproximar do consumidor norte-americano, o InterCo aposta em ações, como o naming rights no estádio de futebol bretão do Orlando City (time masculino da MSL) e Orlando Pride (time feminino da NSWL). O acordo com a organização norte-americana é similar àquela que fez com o São Paulo anos atrás e mais recentemente com Athletico Paranaense e o Fortaleza, que é “uma associação de marcas”, como disse Chalub.

Com isso, o banco busca trazer visibilidade por meio do esporte. Ao mesmo tempo, o CFO do Orlando City e Pride, Carlos Osorio, afirmou que não é uma parceria de marketing puro e que o clube será compensado por resultado, como ao trazer novas contas e cartões, algo que o COO do Inter afirmou que acontecerá no próximo ano quando o banco estiver com cartões, inclusive personalizados para os torcedores.

Outra ação de marca que o banco pretende fazer nos EUA é patrocinar o aluguel de bicicletas no parque The Underline em Miami. A partir de outubro, 200 bicicletas estarão disponíveis para locação em cinco estações. Nelas, o usuário do Inter terá 1 hora gratuita a cada uso.

Isso se soma a outros benefícios que o banco traz aos usuários, como:

  • Descontos em passagens no trem Brightline que faz Miami – Orlando e vice-versa;
  • 10 GB de dados móveis internacionais para viagens via eSIM, sendo 5 GB por semestre;
  • Café por US$ 1 dólar no Inter Café no parque The Underline em Miami, ante US$ 5,60 a média local.
  • Cinco ingressos para um jogo por temporada do Orlando Pride e do Orlando City.

Imagem principal: Unidade do Inter Lounge em Orlando, EUA (crédito: Henrique Medeiros)

*Jornalista viajou aos Estados Unidos convidado pelo banco Inter

 

 

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