O adiamento do leilão de 5G em teoria não significa a paralisação do desenvolvimento da tecnologia no País. Além do recém-anunciado 5G DSS nas operadoras Claro, TIM e Vivo, Francisco Soares, vice-presidente de relações institucionais da Qualcomm na América Latina, lembra da possibilidade de se criar redes privadas com 5G no Brasil: “Depende da Anatel. Pode ser por leilão, sim. Mas, se a regulação estiver feita, uma empresa pode pedir uma licença à Anatel e montar uma rede própria, dentro da companhia. Com equipamentos normais e regulamentados com 3GPP”.

“O uso das redes privadas (5G) não precisa do leilão. Como as licenças são locais para diferentes áreas, elas podem ser outorgadas seguindo outros critérios. Em tese, desde que a regulamentação da destinação do espectro para os serviços e sua regulação de uso seja feita pela Anatel, não precisa esperar o leilão para usar rede privada com 5G no País”, completou o executivo.

Em conversa com jornalistas especializados via conferência de vídeo na manhã desta quinta-feira, 6, a empresa apresentou dados recentes do desenvolvimento do 5G no mundo. Citando uma análise da IHS, Hélio Oyama, diretor de desenvolvimento de negócios da Qualcomm, lembrou que o ecossistema de alocações de frequência para o segmento privado pode trazer benefícios da ordem de US$ 5 trilhões até 2035.

Soares explicou que, na parte de consumo, o uso da frequência em 26 GHz não terá conflito em terminais (celulares), uma vez que os Estados Unidos escolheram a faixa espectral até 28 GHz. O vice-presidente da Qualcomm afirmou que os chipsets funcionam nas duas faixas, 26 e 28 GHz, mas reconhece que a rede brasileira teria “mais sinergia” com a norte-americana se avançasse para 28 GHz.

Redes privadas

A Qualcomm apresentou dados das expectativas quanto ao uso de ondas milimétricas (mmw) no 5G, que, no Brasil, será na faixa dos 26 GHz. De acordo com dados da empresa, 123 operadoras de 42 países investiram em implantação de redes nesta faixa de espectro. Dessas, 29 estão em processo de instalação ou fizeram instalação das ondas milimétricas na rede, como AT&T, Verizon, Sprint, T-Mobile, Telstra, Optus, KDDI, NTT Docomo, SoftBank, MegaFon, Vodafone Espanha e Antel, do Uruguai.

O executivo acredita que o uso do 5G em ondas milimétricas será “muito bem-vindo” no Brasil. E, embora aguarde o leilão da nova tecnologia de redes celulares, explica que há conversas para testes usando equipamentos de rede privada 5G em mmw até o final do ano.