O Twitter (AndroidiOS) decidiu pela suspensão permanente da conta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite desta sexta-feira, 8. Antes, a conta estava sob caráter de suspensão provisório devido a publicações durante a invasão ao Congresso dos EUA na última quarta-feira, 6.

“Após uma avaliação criteriosa dos recentes tweets da conta @realDonaldTrump e contexto ao redor delas – como estão sendo interpretadas e recebidas dentro e fora do Twitter – nós decidimos por suspender permanentemente a conta devido aos riscos de possíveis incitações à violência no futuro”, diz a nota da companhia.

A decisão do Twitter acontece após o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, suspender a conta do presidente na rede social até o final do mandato de Trump, ou seja, 20 de janeiro. Mais cedo, a ex-primeira dama dos EUA, Michelle Obama pediu que as empresas do Vale do Silício punissem Trump.

Entenda

Trump; Twitter

O presidente norte-americano havia voltado à rede social após uma primeira punição de 24 horas, do dia 6 para o dia 7 de janeiro, quando pediu calma aos manifestantes que invadiram o Capitólio, mas mentiu ao dizer que a eleição foi roubada – sem provas e com todos os fatos provando o contrário.

Vale lembrar que horas antes da fatídica invasão do dia 6 de janeiro, Trump incitou seus correligionários a agir contra os congressistas em discurso na Geórgia, de forma que evitasse a certificação do vencedor das eleições presidenciais, Joe Biden.

No retorno ao Twitter, Trump publicou um novo vídeo pedindo calma e dizendo que ajudaria a transição de Biden, mas disse ao final do vídeo que “a nossa incrível jornada está apenas no começo”.

Renúncia, impeachment, afastamento

A decisão de Facebook e Twitter coincide com a escalada das principais forças políticas dos EUA pedindo a saída de Trump antes do dia 20 de janeiro, de maneira que o seu vice-presidente, Mike Pence, assuma a presidência e dê ordem à transição presidencial. A presidente da câmara dos representantes, Nancy Pelosi, afirmou que o Congresso agirá com pedido de impeachment, caso Trump não renuncie ou não seja afastado por decisão executiva.

A decisão executiva seria a evocação da 25ª emenda (25th Amendment, no original em inglês), uma norma da constituição norte-americana que permite ao vice-presidente Pence convocar o gabinete presidencial para votar pela remoção de Trump do poder. Para retirar o presidente, Pence precisa obter a maioria dos votos dos secretários.

Na teoria, a emenda foi criada para o caso de invalidez ou incapacidade do presidente dos EUA. Na prática, a emenda foi usada apenas três vezes na história dos EUA:

– A saída do vice-presidente Spiro Agnew, em 1973, e a convocação de Gerald Ford em seu lugar pelo presidente Richard Nixon.

– Na renúncia de Richard Nixon, em 1974, e escalada de Ford ao poder;

– E, na sequência, a convocação do então governador de Nova Iorque, Nelson Rockefeller, como vice-presidente de Ford.

No segmento da tecnologia, o Steady State, um grupo de 200 profissionais de segurança nacional (inteligência, contra-inteligência, espionagem e cibersegurança) pediu a saída de Trump nesta sexta-feira, 8. Assim como Pelosi, a mensagem do grupo postada por J. Michael Daniel, CEO da Cyber Threat Alliance e ex-czar de cibersegurança na administração de Barack Obama, pede a invocação da 25ª emenda por Pence ou impeachment via Congresso.