O desenvolvimento do mercado brasileiro de bots pode colocar o Brasil como um dos líderes do mercado no mundo. A projeção é de Eduardo Henrique, diretor executivo da Wavy e um dos fundadores da Movile, que participou nesta quarta-feira, 8, do painel de abertura do Super Bots Experience, em São Paulo. “Não tenho a menor dúvida que o mercado brasileiro vai ser um dos líderes no segmento. E os nossos usuários vão ajudar nisso”, comentou.

“Acredito que estamos na frente de uma onda de inovação de centenas de bilhões de dólares de valor. Agora precisamos definir: o Brasil será protagonista ou acompanhante nesta onda?”, questionou Henrique. “Em 2010, nós vimos uma ameaça de fora no mercado de VAS, nós [Movile] fizemos uma empresa robusta para disputar de frente com eles. Como a gente cria uma empresa de US$ 20 bilhões brasileira? É uma causa que devíamos pensar mais hoje”, questionou.

O papel de protagonista do Brasil neste segmento também foi defendido por Rodrigo Scotti, CEO da Nama. Para ele, o País tem “um potencial absurdo”. Em sua visão, as empresas nacionais estão entre as melhores no mundo, seja em ferramenta ou desenvolvimento de plataforma de conversação.

Scotti acredita ainda que, assim como aconteceu nos Estados Unidos com Amazon Alexa e Google Home, o consumidor utilizará as tecnologias de conversação de forma natural e transparente. Como exemplo, ele citou o interesse dos brasileiros pelos bots já existentes. Atendendo mais de 24 empresas, a plataforma da Nama já atendeu 7,7 milhões de usuários únicos em 18 meses.

Para o mercado nacional

Se, por um lado, o Brasil está no caminho para se tornar um dos líderes globais no segmento de chatbots e inteligência artificial, por outro, há barreiras que precisam ser superadas pelas companhias, como frisou Mateus Azevedo, sócio da BlueLab. De acordo com o executivo, é necessário ter soluções claras para os consumidores brasileiros.

“Quando você trata de atendimento para o brasileiro, você precisa criar um bot para falar claramente com o usuário. Nós temos um público bem diverso no País”, explicou Azevedo. “No passado, nós apanhávamos muito, pois os nossos rivais usavam técnicos americanos para criar bots. Isso dava problemas homéricos. O ‘xis da questão’ é todo mundo funcionar bem.”

Catequização digital

Cássio Bobsin, CEO da Zenvia, acredita que é preciso educar o ecossistema que envolve os chatbots, desde as empresas até os consumidores. Bobsin ressaltou que a utilização de uma linguagem mais simples é vital aos consumidores: “O chatbot não pode ser muito técnico. Tem que empoderar pessoas normais a utilizá-los. Criar uma experiência conversacional é algo novo. Isso cria uma demanda do mercado para educar o próprio mercado”.

Para Roberto Oliveira, CEO da Take, o grande obstáculo era a falta do WhatsApp. Com a abertura do mensageiro para conversas entre marcas e consumidores, o desafio agora é cultural, avalia. “Quando vai se tornar tão natural mandar um WhatsApp para marcas quanto é enviar para amigos? Quando será natural mandar um WhatsApp para um evento, uma padaria, uma operadora, como é mandar para os amigos?”, questionou.