O crescimento do uso de máquina de pagamentos móveis (mPOS) pode ser visto como uma das chaves para o desenvolvimento dos meios de pagamentos eletrônicos na América Latina, afirma o diretor executivo regional da Visa para a região, Eduardo Coello. Em entrevista ao MOBILE TIME, o executivo revela que uma das formas de combater o uso do dinheiro físico em transações é com mPOS entre comerciantes. Ele cita como exemplo a venda de seguros e o caso da Natura com as vendedoras de porta em porta.

“É uma tendência muito legal. Mas a primeira perguntar que deve ser feita é ‘quem vai investir’?”, questiona o executivo. “A Natura é um bom exemplo: eles colocaram os terminais móveis com suas vendedoras, assim elas fecham a venda na visita. Não precisam voltar para a casa. O setor de seguros é outro bom exemplo. Eles podem integrar a plataforma de pagamentos móvel com um app, que faz a análise de um segurado e já pode oferecer em seguida os pacotes”, completa.

Ele informa que 70% das transações no mundo hoje são feitas com dinheiro, algo que propicia fraudes e outras questões de segurança. "A maioria do dinheiro no mundo hoje é eletrônico, mas transferimos para o físico", afirma Coello. "Gerenciamento do dinheiro custa dinheiro".

Pagamentos eletrônicos

Por trás da estratégia de pagamentos móveis e transações eletrônicas no lugar do dinheiro físico, a bandeira de cartões busca criar uma “nova economia”, que Coello defende que seja incentivada ou fomentada por governos, mesmo o brasileiro, apesar da recessão.

Apresentando uma pesquisa da Visa em parceria com Moody’s Analytics em 70 países, o diretor da bandeira de cartões informa que a migração da moeda-papel para os pagamentos eletrônicos adicionou apenas no mercado brasileiro US$ 18 bilhões ao PIB (0,17%) entre 2012 e 2015 e contribuiu com 169 mil postos de trabalho.

Dois países foram citados pelo executivo como exemplos de sucesso: o Uruguai, que teve reduções de 4% nas taxas de transações eletrônicas, mas dobrou a fatia de transações no débito para 15% e a quantidade de terminais subiu 50% entre 2007 e 2014; e a República Dominicana, que passou a pedir para os adeptos de seus programas sociais gastarem os benefícios em transações eletrônicas, o que trouxe impacto para 800 mil famílias com US$ 1,7 bilhão distribuídos em 4,8 mil terminais na ilha, diminuindo a taxa de mortalidade dos negócios.

"Não é uma negociação com o governo. É uma contribuição para a economia. Os pagamentos eletrônicos são uma boa opção", enfatiza o gestor. "Temos a opção de aumentar impostos ou aumentar a economia. No Uruguai eles preferiram aumentar a economia e tiveram retorno com isso".

Apoio de empresas e smartphones

Questionado se apenas os governos devem incentivar os pagamentos eletrônicos, o presidente da Visa disse que também há espaço para o setor privador colaborar com o seu desenvolvimento, e citou uma empresa alimentícia do México como exemplo. “Nós temos um programa de muito sucesso no México com a Bimbo. Eles começaram a instalar terminais para pequenos e médios comerciantes, com os custos pagos pela própria Bimbo, para fomentar os pagamentos eletrônicos”, descreveu Coello.

Mas o executivo alerta que há barreiras que o setor ainda precisa ultrapassar na América Latina. “Os níveis de conversão em PC e Laptop estão em 50% e 60%. Nos smartphone está em 30%. Tem que tornar as compras nos dispositivos móveis mais fáceis ao consumidor”, disse o diretor da Visa na AL.