Painel IA Febraban MT Henrique Medeiros

Da direita para esquerda: Dora Kaufman, PUC-SP; Eder Lima, Bradesco; Tânia Consentino, Microsoft (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

A professora e pesquisadora da PUC-SP, Dora Kaufman, afirmou que os bancos e o Banco Central precisam discutir a regulação da inteligência artificial. Nesta terça-feira, 9, a especialista defendeu a ideia durante o Febraban Tech, evento de tecnologia bancária organizado pela Febraban.

“Estamos no começo da tecnologia da IA. Apesar de apontar para benefícios grandes, o processo de implementação não é simples. Os setores financeiro e bancário já têm uma certa experiência, mas o que falta é a gente definir – sociedade, poder público e BACEN –, a regulamentação do uso da tecnologia, para maximizar os benefícios e analisar os danos, internos, de compliance e do setor”, afirmou a pesquisadora.

Para Kaufman, é preciso ter um caminho diferente da União Europeia, que começou a discutir IA em 2018 e está chegando em um consenso de marco regulatório com uma agência geral para regular os dados. Em sua visão, a regulação de IA deve ser “setorial”, especificamente nos bancos, com o Banco Central.

“O BC tem que regulamentar, identificar os riscos e traçar as diretrizes e fiscalizar. Nós vimos que o processo de regulação do Pix levou um tempo grande. A operação do WhatsApp para atuar com adquirente e bandeira de cartão demorou mais de ano. Por que o BC, até agora, não tomou alguma medida nesse sentido? Então tem que abrir essa discussão no setor financeiro para caminhar firmemente para regulamentar”, disse.

Parte desta visão foi apresentada em conversa anterior com de Kaufman com esta publicação.

Regulação independente

A professora e pesquisadora do TIDD (Tecnologia de Inteligências e Design Digital) da PUC-SP afirmou ainda que a regulação de IA no sistema financeiro e bancário não pode esperar pelo Marco Regulatório de Inteligência Artificial, atualmente em discussão na Comissão de Juristas do Senado brasileiro. Em sua visão, o BC precisa fazer uma discussão “em paralelo” daquela dos parlamentares.

“O BC tem que levantar os usos IA no setor bancário e financeiro. Fazer um panorama do que está sendo usado. Depois levantar os problemas que estão acontecendo. E com essa experiência concreta criar regulações mais realistas. Algo que a Câmara e o Senado não fizeram”, afirmou. “Quando a Comissão Europeia começou a discutir o marco de IA em abril do ano passado, antes, em 2018, criou o AI Watch para olhar o que está acontecendo e começar a enxergar os potenciais problemas que surgem. Então, o BC tem uma massa crítica muito grande de implementação no setor para ser o ponto de partida, pensar os problemas, riscos e regulamentar isso”, concluiu.