Da esquerda para a direita: Fábio Maeda (Claro), Zaima Milazzo (Algar), Fernando Paiva (Mobile Time), Rodrigo Gruner (Vivo) e Renato Ciuchini (TIM), em painel no MobiXD 2022

Há um consenso entre as principais operadoras do Brasil de que a grande beneficiada do 5G será a Internet das Coisas (IoT). Durante painel no MobiXD, evento promovido nesta terça-feira, 10, por Mobile Time, representantes de Algar Telecom, Claro, TIM e Vivo analisaram a forma como as empresas de telecom vão surfar nessa onda para além da conectividade.

Para Renato Ciuchini, vice-presidente da TIM, tudo que estiver relacionado à IoT será beneficiado com a chegada da quinta geração de redes móveis. “No 4G fomos o enabler do WhatsApp, do Instagram e de tantos outros e não ganhamos nada com isso. Com o 5G devemos surfar uma onda para além da conectividade, que é a parte que valerá menos. Estamos pensando em como não perder o dinamismo, mantendo um apetite por risco, combinando empresas de fora com o nosso core, ou seja, uma que arrisca mais (startups) e outra que não pode arriscar (a operadora)”, completa.

Rodrigo Gruner, diretor de inovação e novos negócios da Vivo, acredita que a “grande mudança” do 5G deverá passar de alguma maneira por IoT, embora ainda seja cedo para apontar quais seriam exatamente as aplicações de maior sucesso. “Talvez essa IoT não exista ainda. Hoje, a gente não sabe o que vai existir, nem qual será o modelo de negócios”, explicou.

O executivo da Vivo contou que as empresas de telecom devem ficar atentas às inovações emergentes para captar valor, além de estudar e analisar outras indústrias como fontes de inspiração. “Uma empresa de telecom pode criar, mas uma empresa de fora consegue escalar”, estimou. “Se pegarmos as operadoras durante o 3G ou o 4G, a maior parte do valor gerado não estava nas operadoras, mas nas indústrias que foram criadas. As big techs se apoiaram na possibilidade da mobilidade e da conectividade em velocidades altas”, explicou.

A procura por inovação no 5G levou a Telefónica, dona da Vivo, a firmar um acordo de cooperação de desenvolvimento de soluções para o metaverso com a Meta. “Não sabemos o que vai sair dali, mas são duas empresas com visões complementares. Esperamos que saiam modelos de negócios interessantes e disruptivos”, completou.

De acordo com Zaima Milazzo, diretora de inovação da Algar Telecom e presidente do centro de inovação Brain, o hub de inovação da operadora tem o papel de contribuir para encontrar casos de uso e tirar o 5G do papel. “Vamos explorar diferentes verticais”, explica. Não à toa, a empresa abriu um escritório na Europa para buscar soluções mais maduras no 5G. “Estamos encontrando soluções reais com uso, por exemplo, de realidade aumentada. Apostamos forte na indústria 4.0 e na agricultura”, completou.

Fabio Maeda, diretor de serviços digitais e inovação da Claro, também concordou com a importância da IoT para o 5G, mas destacou outros casos de uso para a rede de quinta geração móvel, como a transmissão de conteúdo ao vivo usando ondas milimétricas na frequência de 26 GHz. “Testamos no Carnaval com a Globo essa transmissão, dando mobilidade aos camera men e fomos bem-sucedidos. Hoje, é possível usar o mmW  de qualquer lugar, sem depender de cabo ou interferência”, contou. Outro exemplo dado foi o uso do 5G durante uma prova de Stock Car. “Esse tipo de transmissão agrega muito”, acredita.

Outro ponto importante salientado por Maeda é o 5G nos games. “Podemos aportar valor nos jogos. E os games já são uma realidade. Estamos vendendo muito conteúdo e temos a possibilidade de vender jogos. Já trazemos para o 5G e a operadora aprendeu a vender conteúdo OTT.”