A regulação para o serviço de trabalho por aplicativo de transporte com veículos de quatro rodas vai ajudar na regularização nacional do transporte com motos. É o que acredita Luís Gamper, diretor de duas rodas da 99. O executivo conversou com este noticiário durante coletiva de imprensa para falar sobre os dois anos da modalidade no País, que aconteceu nesta terça-feira, 12, no Rio de Janeiro.

“No começo, tivemos muitos atritos. Mas agora, as conversas que temos com as prefeituras são muito mais produtivas, sem tanta resistência”, disse o executivo. A 99Moto conseguiu contornar a resistência inicial do poder público no avanço do serviço de corridas com Motos e, assim, expandiu em dois anos para mais de 3,3 mil cidades. “No começo teve um pouco de resistência. Afinal, era um mercado novo, que começou a chamar a atenção. Mas fomos conversando com as prefeituras e mostrando que a modalidade é mais segura do que um mototáxi normal e que podemos agregar para a cidade”, afirmou.

Para o executivo, o que a 99 fez foi formalizar algo que já existia. “No fundo, o que a gente traz é um maior profissionalismo para essa categoria”, concluiu.

Sobre a regulação que avança para os profissionais de veículos de quatro rodas, Gamper acredita que as discussões para os trabalhadores de veículos com duas rodas deverão avançar e deverão ter um resultado final semelhante. Ressaltou que a empresa é a favor da regulamentação por trazer segurança para motoristas, passageiros e empresas. “A hora que a gente conseguir formalizar e deixar tudo certinho, vai funcionar muito bem”, disse.

Avanço da tecnologia

Os avanços tecnológicos, de conectividade e disponibilidade de smartphones também foram essenciais para o surgimento da 99Motos. Gamper comparou a expansão da modalidade motos com a de carros e contou que a expansão do transporte de pessoas com motos da 99 foi muito mais intensa e escalou mais rapidamente se comparado com o início das corridas por apps de veículos de quatro rodas. Na avaliação de Gamper, no início das viagens em quatro rodas, por volta de 2010, ainda havia barreiras tecnológicas, os smartphones não eram tão bons, a conectividade deixava a desejar. No caso das corridas sob duas rodas, as barreiras são culturais.

“No início dos carros, tínhamos outras barreiras impedindo o crescimento e o mercado era somente de táxis – e nem eram tantos assim nas ruas. Tanto que o preço era muito alto, e não tinham tantas pessoas usando o serviço”, explicou o executivo. “No caso da moto, como aconteceu dois anos atrás, a tecnologia e as condições eram outras: todo o mundo já tinha acesso a um celular bom, com Internet e GPS. E, no caso do aplicativo, ele já estava pronto. Não havia barreiras tecnológicas. E já existia um mercado que foi alimentado por décadas por cooperativas de mototáxi, em especial no Nordeste”, continuou.

De acordo com Gamper, quando chegou a modalidade Motos, tecnologia e mercado estavam em momentos altos. “Unimos tecnologia com um mercado forte, que queria isso (a modalidade), por um preço mais barato, melhores ganhos para motoristas e todas as funcionalidades do aplicativo. Foi totalmente diferente (na comparação com a chegada das viagens em veículos de quatro rodas) ” estamos chegando em um estágio que o carro levou vários anos para chegar”, comentou.

Carros elétricos

O executivo também comentou que a empresa – que é uma entusiasta dos carros elétricos – quer firmar parcerias para fazer o mesmo sistema de compra de carros, mas com motos elétricas. Porém, isso ainda está em fase de avaliação, uma vez que os veículos de duas rodas não estão tão avançados nesse quesito. “Moto ainda está em outro patamar, com relação à autonomia da bateria e outros aspectos que não estão tão desenvolvidos, mas estamos analisando parcerias tanto para o financiamento de motos elétricas quanto para a gente conseguir alavancar o mercado de duas rodas. Mas acredito que a eletrificação para motos avançará bem. Será mais rápido do que o avanço entre os carros elétricos, mas esses veículos de quatro rodas estão criando o ambiente e a infraestrutura necessária. Em breve os veículos de duas rodas vão surfar nessa onda e será rápido”, avaliou.

Foto: José Eduardo Pachá/divulgação