Após o Brasil ter o seu cardápio de espectro para redes privativas e passar da 120 redes implementadas, os executivos de Embratel, TIM e ABDI acreditam que o próximo obstáculo está em atender diversos setores e verticais com soluções dedicadas. “O grande desafio é esse: olhar para cada vertical e ter toda essa visão fim a fim da solução”, disse Paulo Humberto Gouveia, diretor de soluções corporativa da TIM, durante o MPN Forum.

“Devices precisam de conectividade. Conectividade precisa de infraestrutura de rede e de plataforma. A plataforma precisa de um integrador. A integração precisa de sistemas. Os sistemas precisam de aplicação. E tudo isso em uma camada de segurança para cada ecossistema”, detalhou Gouveia. “Não vai existir solução se não existir caso de uso. A solução está no ecossistema”, disse.

Por sua vez, Igor Calvet, presidente da ABDI, afirmou que não há um padrão (one size fits all, no original em inglês) em redes privativas e que isso é uma das barreiras para democratizar o serviço e criar aplicações para o B2B. Em sua visão, o setor de telecomunicações precisa massificar o conhecimento sobre esse tipo de tecnologia para gerar demanda dentro das empresas.

Alexandre Gomes, diretor de marketing da Embratel, afirmou que os desafios nos “ecossistemas estão atrelados às aplicações e verticais”. Assim como seu colega da TIM, Gomes exemplificou ao dizer que a saúde tem um ecossistema que é diferente de carros, do agronegócio e da logística. Também vê que é preciso trazer mais maturidade para avançar com orquestração e integração nessas redes.

Outras etapas

Virgilio Fiorese, head de redes privativas sem fio da Amdocs, citou outros obstáculos, como o baixo limite de potência dos equipamentos de rede para uso outdoor nas frequências de SLP. Também afirmou que é preciso mostrar ao cliente o “que ele comprou e como está a usando essas redes” e, do lado comercial, Fiorese acredita que o setor de telecomunicações precisa preparar suas equipes para vender outros produtos além dos planos de voz e dados.

Marco Szilli, sócio-fundador da Telesys, acredita que as duas grandes barreiras são o desconhecimento e a falta de integradores: “As empresas sabem que existem (redes privativas), mas aquelas que sabem conhecem muito pouco. Esse desconhecimento está começando a ser vencido agora. A segunda grande barreira é a falta de integradores que entendam a dor dos clientes. Não pode ser apenas um gerador de leads (vendas)”, completou.

Szilli explicou ainda que o 4G tem vantagens ante o 5G em redes privativas, pela sua maior estabilidade. Acredita ainda que “o grande driver do 5G será o desenvolvimento de aplicações” em especial nas soluções para ambiente fechado (indoor).