| Publicada originalmente no Teletime | Anunciado no começo de julho, o 5G DSS – ou seja, compartilhando espectro dinamicamente com 4G – está passando a ser ressaltado como uma tecnologia de transição, e não mais apenas como 5G. Já com oferta comercial, com a Claro lançando primeiro e sendo seguida por TIM e Vivo, a comunicação da oferta começou a receber ressalvas no final do mês passado, com a desconfiança do Tribunal de Contas da União (TCU). Nesta quinta-feira, 13, as operadoras ressaltaram que a tecnologia é “de ancoragem”, mas que a experiência completa da quinta geração só será possível com as novas frequências.

“A gente agora está tapeando com o 5G DSS, que será importante como âncora quando chegar a ‘capa’ do 3,5 GHz. Mas o DSS é similar ao 4G, porque a gente não tem espectro dedicado”, afirmou o diretor de planejamento de rede da Vivo, Átila Branco, durante live promovida pela Futurecom. Ele ressaltou que a infraestrutura da operadora já está sendo preparada desde 2017 para a chegada da tecnologia, até porque o leilão estava previsto para acontecer em 2020, originalmente.

Na visão de Branco, o uso concomitante do 4G com 5G pelo DSS será “fundamental” para a melhor usabilidade para o cliente. “Mas a experiência do 5G só vem com a frequência dedicada”, afirma. A Vivo lançou a tecnologia ainda em julho e em oito capitais: São Paulo, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia, Curitiba e Belo Horizonte

Para o diretor de desenvolvimento de inovação e negócios da TIM Brasil, Janilson Bezerra, além do DSS, também a aplicação da tecnologia MIMO (múltiplas entradas e saídas) no LTE são encarados como um “caminho transitório, [mas] não como 5G, para habilitar toda a transformação digital”. A TIM tem implantação do DSS prevista para setembro em três cidades, Bento Gonçalves (RS), Itajubá (MG) e Três Lagoas (MS), inicialmente com acesso fixo-móvel (FWA).

Ecossistema

Primeira operadora a lançar comercialmente a oferta 5G DSS, a Claro vê com outro prisma. O diretor de evolução tecnológica da rede da operadora, Luiz Bourdot, defende o uso do DSS, mas ressalta que é uma ferramenta que “auxilia a transição” ao permitir que a sociedade “experimente” a tecnologia, ainda que ela não seja capaz de entregar as características prometidas para o 5G completo. “Claro, não será no [mesmo] grau do que vai existir quando as bandas largas [de frequência] serão leiloadas para ter todo o benefício do 5G, mas se começa a criar base de terminais e a evoluir para que a banda chegue”, afirma.

Segundo Bourdot, já há interesse pela utilização do DSS. “Está muito interessante ver a quantidade de solicitações para o uso que o DSS já suporta. Esse é um mecanismo que já está tendo papel muito importante na curva de adoção do 5G”, declara. O diretor da Claro também ressaltou que a operadora estuda utilizar o 5G (não necessariamente com o DSS) para futuras aplicações FWA para o mercado residencial e “em especial para o empresarial”.

TCU

Em reunião no dia 29 de julho, o ministro do TCU, Aroldo Cedraz, teve aprovada a proposta de que a Presidência, em conjunto com a Secretaria Geral de Consumo Externo (Segecex), avaliasse a “conveniência e oportunidade de acompanhar, com a brevidade possível”, a atuação da Anatel e do Ministério das Comunicações na fiscalização das ofertas de 5G DSS. Segundo o ministro, a promessa de entregar o 5G com limitações seria enganosa e poderia trazer consequências para os usuários de 4G atuais com o compartilhamento do espectro.

“Sem uma fiscalização adequada, corremos o risco de que a população seja mais uma vez induzida a pagar caro por serviços de baixa qualidade, como infelizmente tem sido comum nesse mercado. Anunciar a ‘chegada do 5G’, como têm feito as operadoras na última semana, sem esclarecer as limitações do padrão DSS, é prometer uma lebre faceira e entregar um gato cansado. Além disso, a ampliação da oferta de serviços nessa modalidade por vir a tornar ainda piores as atuais conexões 4G, que em muitos casos já deixam muito a desejar”, declarou Cedraz.