A implementação das redes 5G no Brasil com um novo core dentro do padrão standalone (SA) permitirá às operadoras móveis “fatiar” parte da sua infraestrutura e dedicá-la exclusivamente a determinados serviços. O recurso, conhecido como “network slicing”, vai viabilizar a criação de novos produtos pelas operadoras móveis. O presidente da Ericsson para o cone sul da América Latina, Rodrigo Dienstmann, prevê que uma das possibilidades é a oferta de conexão exclusiva para um determinado aplicativo móvel.

“Por exemplo, um grande banco poderia fechar um acordo com as operadoras para que quando o seu cliente clicasse em seu ícone no smartphone, em vez de o tráfego sair pela Internet, sairia pelo slicing de rede, o que é bem mais seguro. Mas ainda é preciso criar esses produtos, apresentar suas vantagens, fazer pilotos… vai demorar um pouco”, disse o executivo, em coletiva virtual com jornalistas nesta quinta-feira, 17.

Dienstmann fez uma comparação com os primórdios da telefonia celular: se antigamente as operadoras cobravam por chamadas telefônicas, com o 5G poderão passar a cobrar por chamadas a APIs. 

O executivo argumentou que um serviço como o descrito não fere a neutralidade de rede prevista no Marco Civil da Internet porque não se trata de um acesso à Internet mas a uma aplicação específica. Para justificar, deu como exemplo os pacotes triple play nas residências brasileiras: embora banda larga, TV e telefone usem a mesma infraestrutura física, a qualidade de um serviço não sofre interferência pelo uso do outro, porque são circuitos separados dentro da mesma fibra.

“Com network slicing é o mesmo conceito. Haverá o rádio 5G cobrindo uma determinada geografia, mas tendo como um dos serviços mobile broadband, e podendo ter outros como video on demand, gaming on demand, segurança pública ou acesso a um banco”, comparou o executivo da Ericsson.