caminhoneiros

[Atualizado às 9h45 do dia 19 de janeiro de 2021] Uma pesquisa divulgada pelo TruckPad (Android) revela que 74% dos caminhoneiros brasileiros devem aderir à paralisação que está programada para o próximo dia 1º de fevereiro. De acordo com dados enviados com exclusividade ao Mobile Time nesta segunda-feira, 18, apenas 26% dos profissionais afirmam que não vão aderir à greve.

Os dados foram coletados por meio do app com centenas de profissionais do setor, entre os dias 15 e 18 de janeiro.

O estudo revela ainda que 70% dos respondentes ouviram falar da paralisação. Desses, 64% ouviram pelas redes sociais, 34% por companheiros de trabalho na estrada e 2%, pelo sindicato.

Note-se que o cenário atual é similar ao da paralisação de maio de 2018. Na época, a greve que durou 15 dias não tinha coordenação de sindicatos e entidades de classe. Grande parte da movimentação e das reivindicações eram feitas e administradas pelos próprios caminhoneiros, em sua vasta maioria profissionais autônomos que se comunicavam por WhatsApp.

Contudo, Carlos Mira, CEO da TruckPad, acredita que dificilmente haverá uma paralisação de proporção igual a de 2018: “74% dos caminhoneiros afirmam que parariam se houvesse uma nova greve, mas o problema está na articulação e organização logística de um movimento como este. Não há liderança e a categoria é muito mal organizada. Não acredito em nova paralização no dia 1° de fevereiro”, afirma o executivo, que possui 35 anos de experiência no setor.

Entenda

A incompatibilidade entre os preços de manutenção de veículos (pneus, peças e combustível, por exemplo) ante o preço do frete é a principal reclamação dos caminhoneiros, em especial o valor do diesel na tabela da Petrobras — um problema apontado pela categoria também em 2018. Essa reivindicação perpassou 2019 e 2020, e ficou mais forte com a crise do novo coronavírus em 2020. Vale lembrar que outra empresa de frete, a Cargo X, alertou para esta publicação que 20% dos veículos de frete rodoviário deixaram de circular no último ano.

Em contrapartida, o governo federal está buscando ações que reduzam os pedidos de paralisação por parte de classe. Nesta segunda-feira, o ministério da Infraestrutura divulgou nota dizendo que os caminhoneiros entrariam no grupo prioritário de vacinação da Covid-19. E o presidente Jair Bolsonaro prometeu que zeraria os impostos de pneu na live da última quinta-feira, 14.

“Pela Camex (secretária executiva da câmara de Comércio Exterior), a tarifa de importação de pneus, que interessa os caminhoneiros, é em torno de 16%. Conversei com Paulo Guedes (ministro da Economia). Vamos zerar (a tarifa). E a semana que vem vamos zerar a tarifa de importação de pneus para os caminhoneiros que passam dificuldades, que têm problemas com o frete, que têm problemas com o custo do pedágio por contratos antigos”, afirmou o presidente.

 

Trecho com a fala do presidente Bolsonaro está próximo do minuto 59.

Uma matéria publicada pelo Estadão nesta segunda-feira, 18, revelou que a redução na tarifa não trará impacto para o custo de compra de pneus pelos caminhoneiros, uma vez que o aumento está relacionado à falta de contêineres e aumento do frete marítimo – maioria dos insumos vêm da China. Como resultado, os importadores de pneus começam a fazer coro e apoiar as demandas dos caminhoneiros.