[ATUALIZADA] O senador democrata norte-americano Chuck Schumer enviou na última quarta-feira, 17, uma carta ao FBI e ao Federal Trade Commission (FTC) expressando sua preocupação sobre o FaceApp (Android, iOS), aplicativo que usa filtros para envelhecer ou rejuvenescer fotos do usuário. De acordo com as contas da revista Forbes, o aplicativo russo teve acesso a mais de 150 milhões de rostos de todos os cantos do mundo. Para Schumer, essa coleta de dados do app pode “representar riscos à segurança nacional e à privacidade de milhões de cidadãos dos EUA.”

Para o senador, o fato de seu desenvolvedor, Yaroslav Goncharov, ter base na Rússia, levanta questões sobre se a companhia fornece acesso a dados de cidadãos dos EUA para terceiros, incluindo governos estrangeiros.

Na carta, Schumer disse que quer que o FBI “avalie se os dados pessoais enviados por milhões de norte-americanos para a FaceApp podem chegar às mãos do governo russo ou de entidades com ligações com o governo russo”. E continua: “Se assim for, peço que medidas sejam tomadas pelo FBI para mitigar o risco apresentado pela agregação desses dados.”

O FTC também foi acionado pelo senador para garantir que existam salvaguardas em vigor para que norte-americanos e funcionários do governo e das forças militares não sejam comprometidos. Caso não tenha garantias, que a população dos EUA saiba dos riscos.

Resposta

A rede de televisão norte-americana CNBC conversou com um porta-voz do FaceApp na quarta-feira. A companhia informou que o aplicativo faz o upload de fotos que o usuário quer editar e a mantém em servidores por 48 horas, negando boatos de que ele faria o upload de toda a galeria de imagens do celular.

“Podemos armazenar uma foto enviada na nuvem. A principal razão para isso é o desempenho e o tráfego: queremos garantir que o usuário não carregue a foto repetidamente para cada operação de edição. A maioria das imagens são excluídas de nossos servidores dentro de 48 horas a partir da data de envio, explicou o desenvolvedor do app Goncharov para o jornal britânico The Guardian.

Reino Unido também

Um porta-voz do Gabinete do Comissário de Informação (ICO, na sigla em inglês), entidade de fiscalização do Reino Unido, disse nesta quinta-feira, 18, que está monitorando as alegações de que o FaceApp usaria indevidamente dados pessoais de seus usuários.

“Recomendamos que as pessoas que se inscrevem em um aplicativo verifiquem o que acontecerá com suas informações pessoais e não forneçam detalhes pessoais até que fique claro como serão usadas”, disse o porta-voz ao jornal britânico.

No Brasil?

Procurados por Mobile Time, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios informou via sua assessoria de imprensa que está “analisando o caso”.

Relembre

O FaceApp viralizou nas redes sociais nos últimos dias com pessoas mostrando fotos de suas caras envelhecidas. O aplicativo usa inteligência artificial para fazer as modificações nos rostos e coleta milhões de informações biométricas de seus usuários. Depois de muita brincadeira com o app, usuários passaram a ficar receosos ao constatarem que o programa recolhe dados que não são fundamentais para seu uso, como acesso a rede, lista de contatos, endereço IP, tipo de navegador, nomes de domínios acessados e páginas visualizadas.