A Fundação 1Bi, entidade da sociedade civil sem fins lucrativos, em parceria com o iFood (AndroidiOS), lançou uma campanha no fim de junho com o objetivo de arrecadar fundos para investir na plataforma de ensino AprendiZAP, uma ferramenta gratuita de melhoria de aprendizagem para escolas públicas por meio do  WhatsApp (AndroidiOS) que já impactou mais de 1,7 milhão de pessoas, sendo 370 mil professores e 1,33 milhão de alunos. A campanha “Doe para melhorar a aprendizagem nas escolas públicas e o iFood dobra o valor” aconteceu até este último fim de semana, 16 de julho, exclusivamente no app de delivery. Nesse período, o valor arrecadado pelo aplicativo foi de R$ 131,8 mil. Com a dobra feita pelo iFood, a fundação chegou em R$ 263,6 mil no valor total. O valor vai permitir que mais 37.657 alunos ou professores tenham acesso ao AprendiZAP. 

Surgimento da plataforma

A fundação, que é uma organização social sem fins lucrativos, foi criada em 2018, e as operações iniciaram em 2019, com a ideia de levar tecnologia para todos os jovens do País. “A gente trabalha pensando em como levar a tecnologia de várias formas para todos os jovens do Brasil”, conta a Kelly Baptista, diretora-executiva da Fundação 1Bi. A entidade tem duas áreas de atuação: levar tecnologia por meio da educação e levar a tecnologia para organizações sociais.

Na área de educação, em 2019 nasceu o AprendiZAP. “O AprendiZAP nasceu com a ideia de levar conteúdo de soft skills de primeiro emprego para jovens em situação de vulnerabilidade. Então, ele já era um chatbot. Você entrava e ele falava ‘aqui é um chatbot’, e conversava um pouco sobre tecnologia. Então, ‘quando você for fazer uma entrevista, faça isso, procure aquilo’ – isso antes da pandemia. Quando a pandemia iniciou, a gente já tinha uma conversa com a Fundação Lemann que nos procurou para que a ajudássemos a pensar como poderia reduzir o gap da educação naquele momento”, expõe.

Aí o AprendiZAP deixou de ser um conteúdo de mercado de trabalho para jovens e passou a ser um chatbot de reforço escolar para alunos da rede pública. No início da pandemia, foi lançado com conteúdos para alunos do 9º ano do ensino fundamental.  “Hoje, o AprendiZAP tem conteúdo do sexto ao nono ano, e também do ensino médio. A gente tem trilhas de desenvolvimento pensando no novo ensino médio”, conta. O acervo é composto por mais de 2 mil aulas. O conteúdo é todo gratuito e as aulas são desenvolvidas por professores da rede pública. Sazonalmente, contratam professores, que desenvolvem o conteúdo como se fossem dar em sala de aula. Esse conteúdo é revisado dentro da equipe de 15 pessoas da fundação.

Como usar

Para usar, é necessário mandar qualquer mensagem no número de WhatsApp do AprendiZAP, e, então, escolher a série escolar e o tema que deseja estudar. A partir disso, é possível interagir com o chatbot.

Em 2021, a fundação percebeu que o maior interessado, dentre os usuários, eram os professores. Desde o começo da pandemia, Baptista conta que o professor baixava um conteúdo, imprimia ou mandava em algum grupo de WhatsApp. Em 2022, foram aperfeiçoando o atendimento de professores. “Hoje, a gente tem também a experiência web, a experiência no computador para o professor. Ele faz um cadastro breve de telefone ou e-mail, a gente pergunta com quantos alunos ele deseja usar [o conteúdo], e a partir dali ele consegue também montar sua aula”. Também, é possível baixar a aula escolhida pelo professor ou gerar um código de WhatsApp e mandar para a turma pelo app de mensageria.

A plataforma AprendiZAP é uma ferramenta gratuita de melhoria de aprendizagem para escolas públicas por meio do WhatsApp. Foto: Assessoria da Fundação 1Bi

O AprendiZAP não tem carga horária, ou seja, o aluno tem a liberdade de estudar da forma que  preferir. A diretora da fundação explica que, normalmente, a plataforma é usada para pesquisar algum tema específico. Para estimular o retorno, a plataforma envia mensagens interagindo sobre o último conteúdo estudado dentro do AprendiZAP.

Depois que termina um conteúdo, há um pequeno teste. Se o aluno errar, recebe mensagens explicando a resposta certa. Para não distrair os alunos, todo o conteúdo e material escolar se concentra dentro da conversa com o bot. Vale lembrar que a maioria das operadoras têm pacotes de dados com gratuidade para o uso do WhatsApp.

De acordo com Baptista, a plataforma acaba atingindo as populações periféricas rurais também por conta da necessidade de as pessoas buscarem conhecimento por meio da tecnologia. “O maior número de usuários nossos estão concentrados em São Paulo. Mas quando a gente olha para municípios pensando em população versus estudantes, a gente tem destaque, por exemplo, no Piauí, na Bahia, em municípios que têm populações menores mas com estudantes que usam mais o AprendiZAP”, ressalta. 

Planos futuros

Para o ano que vem, a plataforma pretende adicionar conteúdo do fundamental 1. Como se trata de um público ainda mais jovem, a linguagem e o método precisam ser diferentes. A fundação está conversando com especialistas em educação para tentar viabilizar a expansão.